Lula: “Contra o impeachment é preciso ter uma bandeira única”

Em encontro com representantes do movimento social e dirigentes de partidos políticos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a luta pela democracia e o respeito ao voto popular que elegeu a presidenta Dilma Roussef. Disse que está à disposição para todos os atos contra o impeachment. A iniciativa de entidade do movimento social e partidos políticos aconteceu no final da manhã desta segunda (7), na sede do sindicato dos engenheiros no centro de São Paulo.

Por Railídia Carvalho

Lula no sindicato dos engenheiros contra o impeachment - Ricardo Stucket/Instituto Lula

A mobilização foi uma iniciativa de diversos segmentos do movimentos social, que iniciam a semana com uma agenda de encontros para construir um calendário de mobilizações pelo país contra o pedido de impeachment da presidenta Dilma.

Durante o dia acontecem encontros da Frente Brasil Popular e também da Frente Povo Sem Medo, que se encontrarão ainda nesta segunda, às 19h, no sindicato dos Bancários para discutir um calendário de ações.

A trajetória da presidenta Dilma foi lembrada por Lula durante a fala dele. “Se tem uma mulher que é motivo de orgulho para o povo brasileiro pela sua honestidade, ela se chama Dilma Roussef”.

“Mas a Dilma é só a imagem pública o que eles querem mesmo é acabar com essa estória de que o povo pode governar”, ressaltou Lula.

De acordo com o ex-presidente, é preciso mobilizar o povo na rua mas também estar atento à agenda do congresso. “Não pode abrir mão de fiscalizar e saber construir a maioria no congresso que a gente precisa”, defendeu Lula.

Para ele o congresso tem responsabilidades no alcance da crise no Brasil. “Se tivessem sido votados projetos importantes, que foram enviados para a câmara em janeiro deste ano, o Brasil poderia estar em outra situação”, disse.

Na opinião de Lula a oposição quer voltar ao tempo em que governava para 1/3 da população. “Eles ainda não desmontaram o palanque e o carro de som. A única razão para o impeachment contra a Dilma é que eles querem desmontar um projeto que tira do anonimato as pessoas que ajudam a construir a riqueza desse país”, argumentou o ex-presidente.

“Quem pode recuperar o país agora não é Cunha e não é Aécio. Eles admitem, publicamente, que acham que tem de ter desemprego para combater a inflação. Nós, hoje, estamos em um momento difícil, mas em dezembro de 2014 tínhamos desemprego de 4,3%, o menor da história, graças ao esforço da Dilma”, lembrou Lula.

Segundo Lula o momento é difícil mas “fizemos em 12 anos o que eles não fizeram no século XX inteiro. Foi preciso chegar e mostrar que a gente podia fazer diferente”. Ele mencionou conquistas importantes para os trabalhadores como o aumento dos salários acima da inflação, o subsídio à casa própria e as políticas de transferência de renda.

“De 2008 a 2014 o mundo perdeu 64 milhões de empregos enquanto, no mesmo período, o Brasil criou 11 milhões de emprego com carteira assinada. É preciso reconstruir o direito de brigar outra vez”, destacou Lula.

Lula destacou o valor “incomensurável” da democracia e lembrou que tudo o que foi conquistado no Brasil foi “muito duro”. “É preciso ter a mesma coragem daqueles que foram mortos para defender a democracia”, convocou.

Segundo ele, “só a democracia dá as condições para eleger um torneiro mecânico presidente do Brasil, um índio presidente da Bolívia e leva à presidência da África do Sul um homem que ficou 27 anos preso. Aprendemos a exercitar a democracia, é preciso ter paciência e chamar o movimento social”, reiterou Lula.

Participaram da reunião PCdoB, PT, PDT, PCO e PSD e também as centrais sindicais CTB, CUT, Nova Central, UGT, alguns representantes da Força Sindical além do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM), Fórum Nacional de Movimentos Sociais do PCdoB, União Nacional dos Estudantes, União dos Negros pela Igualdade, União Brasileira de Mulheres e Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo (FACESP).