Estudantes relatam perseguição, ameaça e sequestro em escolas ocupadas

O uso da violência policial tem sido alvo de denúncias por estudantes que participam do movimento de ocupação das escolas contra o plano do governo do estado de São Paulo, que fechará 92 unidades de ensino em todo o estado. Já são mais de 205 escolas que aderiram ao movimento de resistência ao plano tucano. Ao Portal Vermelho, estudantes de duas escolas ocupadas contam com exclusividade relatos de abuso de autoridade, violência e até sequestro.

Por Laís Gouveia

Estudantes relatam perseguição, ameaça e sequestro em escolas ocupadas

Marina, estudante da Escola Estadual Martin Egídio Damy, localizado na Brasilândia, contou que seu colega, cujo o nome ela preferiu não relevar, foi vítima de uma de uma ação promovida pela Polícia Militar “O sequestro foi assim, ele é um ex-aluno que estava apoiando a movimentação, saindo da escola, foi pego por um carro prateado que não era da polícia e foi levado para uma delegacia. Lá ele ficou a noite inteira sendo interrogado sobre as ações de ocupação em nosso colégio, como, por exemplo, quantas pessoas estavam participando da ocupação, e só o liberaram na manhã do dia seguinte.”

Estudantes com idade entre 14 a 18 anos que participam da ocupação na Escola Silvio Xavier, localizada em Pirituba, relatam como tem sido o cotidiano de enfrentar o medo e seguir resistindo contra o fechamento da sua escola.

A estudante Dafne, 18 anos, afirma que recebeu três ligações de um número desconhecido que dizia para ela parar de se envolver com o movimento. “A pessoa me dizia: ‘Pare com essa baderna no colégio ou você não sabe o que pode lhe acontecer’. Depois que eu denunciei na comunidade escolar, as ligações pararam”, diz.

A escola ocupada, Silvio Xavier 

Rodrigo, 14 anos, também matriculado na Escola Estadual Silvio Xavier e participante da ocupação, conta que foi seguido por policiais até a sua casa. “Uma viatura que estava na porta da escola me seguiu até em casa e marcou meu endereço, fizeram a mesma coisa com um amigo meu. Eles têm uma ficha completa da maioria dos estudantes ocupados”, afirma.

Os jovens acusam a diretoria de ensino, que é contrária à ocupação, de passar as fichas de dados dos estudantes que estão ocupando os colégios para a Polícia Militar.

Além disso, os estudantes contam que, durante todo o tempo, os policiais rondam o colégio apontando a arma contra os alunos, tentando, de toda a forma, coagir a movimentação de resistência.

 


Na noite desta segunda-feira (30) e na manhã desta terça-feira (1º), o movimento de ocupação da Escola Silvio Xavier se uniu a outras unidades de ensino e fecharam uma via da Marginal Tietê, no intuito de denunciar e chamar a atenção da opinião pública para apoiar a causa do não fechamento das escolas.

Durante a manifestação, os estudantes dizem que os policiais jogaram bombas de efeito moral e ameaçaram espancar os jovens.

Os  estudantes que concederam entrevista ao Portal Vermelho afirmaram que continuarão na luta por sua escola e por uma educação de qualidade.

 

Estudantes protestam na marginal na noite desta segunda-feira (1º/12)