Marcha: Trabalhadoras denunciam o racismo e a desigualdade no trabalho

Mulheres dirigentes sindicais de vários estados do Brasil deram destaque, durante a Marcha das Mulheres Negras, em Brasília, na última quarta-feira(18), à necessidade de fortalecer as políticas de promoção da Igualdade Racial para esse segmento. Pesquisas sobre a participação da mulher negra no mercado de trabalho apontam que elas ganham menos, trabalham em piores condições e também são maioria entre os desempregados.

CTB na Marcha da Mulheres Negras 2015 - Valcir Araújo

 A vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmen Foro, disse que a Marcha das Mulheres Negras escreveu uma página da história do país. "Nós queremos agora que o Brasil pegue o que nós produzimos e acumulamos ao longo dos séculos e transforme em política. Temos que enfrentar de fato o racismo, a violência e que nos reconheçam enquanto parte de quem produz a riqueza nesse país”, definiu. 

Pesquisa divulgada, nesta terça-feira (17) pelo Departamento Sindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) mostrou que aumentou a participação da população negra no mercado de trabalho, mesmo assim a taxa de desemprego entre os negros é elevada e em regiões metropolitanas como Salvador, estado da Bahia, as mulheres negras desempregadas somam o dobro do índice de homens negros desempregados.

Marilene Betros, secretária da Mulher da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) da Bahia reforçou a importância da presença das mulheres negras da Bahia na Marcha. “Recebemos os menores salários, somos violentadas e sofremos discriminação. Esta luta empodera a mulher negra e nos dá esperança de uma vida melhor, um mundo melhor, um mundo de igualdade", afirmou Marilene Betros. A pesquisa do Dieese também apurou que em 2014 a inserção produtiva das mulheres negras no mercado de trabalho em Salvador foi maior que à das não negras.

O combate à discriminação é prioridade para a CTB e isso se reflete na estrutura sindical da entidade que tem hoje 22 secretarias da Igualdade Racial em vários estados da Federação. Mônica Custódio, secretária nacional da Igualdade Racial da CTB, sugeriu durante o Seminário "Mulheres Negras Trabalhadoras e Resolução Nº 746/2015”, realizado na última segunda (16), em Brasília, a realização de um fórum entre as centrais. 

"É preciso unidade e consenso. Precisamos ter uma bandeira unificada. Nós da CTB entendemos que a luta contra o racismo faz parte da luta contra o patriarcado, da luta de classes", declarou Mônica. Para ela é fundamental que a entidade apoie e promova ações do movimento negro. No próximo sábado (21) a CTB estará presente na primeira Marcha do Orgulho Crespo em Aracajú.

“Somos invisíveis em todas as frentes, todos os espaços. Então estas Marchas, aqui em Brasília e a nossa em Sergipe, contribuem para dar visibilidade a nós e a nossa luta. A gente costuma apoiar diversas pautas e as nossas, muitas vezes, são esquecidas ou vai na bandeira das outras. Estes atos promovem nosso protagonismo”, disse Tati Menezes da União de Negros pela Igualdade de Sergipe e da comissão organizadora da marcha do orgulho crespo naquele estado.