Seminário discute situação de mulheres negras trabalhadoras no Brasil

Prossegue nesta terça-feira(17), em Brasília, o seminário "Mulheres Negras Trabalhadoras e Resolução Nº 746/2015", do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT). As centrais de trabalhadores CTB, UGT, CUT e Nova Central marcaram presença na atividade.

Seminário nacional "Mulheres Negras Trabalhadoras e Resolução 746/2015" - Valcir Araújo

O objetivo do seminário é discutir a situação da mulher negra no mercado de trabalho brasileiro, bem como trazer para o debate o conteúdo da Resolução que recomenda ações de estímulo para a inclusão da população negra nas políticas, programas e projetos custeados com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O decreto para o cumprimento da resolução está em vigência desde julho deste ano.

Segundo dados de pesquisas apresentadas na reunião pela representante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Lílian Marques, o Brasil possui 97 milhões de negros. As informações comprovam que a pior situação no mercado de trabalho é da mulher negra. A maior parte do trabalho executado por elas no Brasil é doméstico. 95% das vagas para empregadas domésticas são ocupadas por mulheres negras.

Pesquisa realizada pelo Instituto Ethos, em 2010, sobre o perfil sócio-racial de gênero das 500 maiores empresas do País e suas ações afirmativas apontou que, quanto maior o nível hierárquico, menor é a presença de trabalhadores (a) negros. Apenas 13% deles ocupam cargos executivos. Nas funções de gerência estão presentes em somente 25% das vagas.

Dados adiantados da mesma pesquisa, realizada este ano, mostram somente 4,7% de negros em cargos de chefia e 1,6% de mulheres negras em funções de administração ou gerência. As participantes destacaram que no movimento sindical a situação não é diferente. A participação feminina e negra na direção de centrais, sindicatos e federações é praticamente nula.

A Secretária de Igualdade Racial da CTB, Mônica Custódio, destacou que a central sempre discutiu e promoveu ações voltadas a questões de gênero e raça. Mônica relatou que atualmente a CTB possui 22 secretarias de igualdade racial em vários estados da Federação e tem priorizado diversos trabalhos nesse sentido, atuando e apoiando a luta do movimento negro.

Custódio sugeriu a realização de um fórum entre as centrais para discutir e traçar estratégias de enfrentamento à dura realidade apresentada no debate. A dirigente considera a unidade das organizações sindicais e sociais como a melhor forma de avançar nessa questão. "É preciso unidade e consenso. Precisamos ter uma bandeira unificada. Nós da CTB entendemos que a luta contra o racismo faz parte da luta contra o patriarcado, da luta de classes", declarou Mônica.