Pierre Barbancey: Ainda sobre Paris, um apelo à inteligência humana

Neste momento, estou no Iraque, em Dohuk. Neste país que foi desmembrado, com suas comunidades e confissões religiosas lançadas umas contra as outras, por uma guerra desejada pelos Estados Unidos em 2003.

Soldados franceses patrulha a Praça da Bastilha após atentados

Foi sobre este barro que se desenvolveu o Daesh (acrônimo em árabe), a organização Estado Islâmico. Terroristas apoiados e ajudados por países como o Catar, a Turquia e a Arábia Saudita. Três países com laços privilegiados com a França, que lhes vende armas.

É preciso chorar os mortos de sexta-feira em Paris. Mas é preciso também ter em mente que as populações do Oriente Médio vivem há anos esse pesadelo cotidianamente.

A França oficial faz guerras: Líbia, Mali, África Central, Iraque… Sempre sob pretextos humanitários. O que é uma isca. A guerra nunca resolveu nada, ao contrário.

A guerra não pode ser vista sempre pela televisão. Se se aceita que ocorra em outros lugares, então é preciso saber que um dia ela pode voltar para nós goela abaixo.

É por isto que a paz é necessária. Uma política internacional da França dedicada à paz, não uma política de gendarme, vendedor de armas e de captação das riquezas de outros países.

É grande o perigo de ver uma parte da França se voltar para a Frente Nacional. Esse partido de extrema direita não promete outra coisa senão o ódio e a rejeição a quem tenta designar como bodes expiatórios, os muçulmanos. São ingredientes para que os dramas como o que acabamos de conhecer em Paris se amplifiquem.

Em memória dos mortos em 13 de novembro, façamos com que fracasse o plano de todos aqueles que desejam lançar-nos uns contra os outros.

Este é um apelo à inteligência humana.

*Repórter do jornal comunista francês L’Humanité, em sua página no Facebook; tradução de José Reinaldo Carvalho