Carlos Felipe: Mobilização azul por mais acesso à prevenção

Por *Carlos Felipe

O movimento do Novembro Azul tem sua origem em 2003 na Austrália, quando promoveram uma mobilização durante todo o mês de novembro, mês que marca o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata (17/11). Nos países anglo-saxões, o evento se chama “Movember” (algo como Mobilização em Novembro), justamente porque seu principal alvo é mobilizar a população masculina para a prevenção deste que é o segundo tipo de câncer com maior incidência em homens – perdendo para os cânceres de pele – e o segundo em mortalidade – o primeiro é o câncer de pulmão.

Ainda hoje, o preconceito é a principal barreira a ser transposta para uma prevenção adequada. Ainda há muito mito em torno do exame do toque por questões culturais. O procedimento básico de investigação preventiva inclui o PSA no exame de sangue e o toque retal. Caso haja alguma alteração, faz-se necessário para o efetivo diagnóstico realizar uma biópsia com estudo histológico e o ultrassom retal. Na rede particular, este tipo de biópsia custa de R$ 500 a R$ 1.000.

Para além desta questão já frisada nas campanhas do Novembro Azul, é preciso também ampliar o acesso a estes exames. Em 2014, o Ceará registrou 2.350 casos estimados de câncer de próstata – no Brasil foram 68.800. Porém, fora Fortaleza, poucos hospitais públicos ou filantrópicos do interior do Estado possuem equipamentos para a realização desses exames, revelando uma imensa população do Interior e Região Metropolitana sem acesso a este diagnóstico precoce.

É preciso haver uma conscientização dos gestores da área de saúde visando ampliar este acesso, uma política de governo para oferecer este diagnóstico. O Ceará hoje possui uma ampla rede de policlínicas que integram a política de saúde do Governo Estadual. É preciso implantar estes serviços nas policlínicas para ampliar o acesso ao diagnóstico precoce. O fato representaria uma substancial ajuda, principalmente para as populações do Interior que são os mais prejudicados por esta ausência de instrumentos de efetiva prevenção.

São necessárias medidas urgentes para diminuir os índices de mortalidade. Só com o diagnóstico precoce podemos chegar aos índices de mais de 90% de cura. Quanto mais cedo é detectada a alteração, maiores as probabilidades de sucesso do tratamento. Uma vez o diagnóstico feito, é garantido por lei um prazo de 60 dias para dar início ao tratamento na rede pública. Quanto mais cedo detectado, maiores são as chances de um tratamento menos invasivo e mais efetivo para o paciente.

*Carlos Felipe é deputado estadual (PCdoB) e médico oncologista das redes federal e estadual

Fonte: O Povo


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