Começa o maior encontro estudantil secundarista do Brasil

“Pula, sai do chão quem é contra a redução”. Foi com a provocação à redução da maioridade penal que estudantes e convidados gritaram – e literalmente pularam – para oficializar a abertura do maior encontro estudantil secundarista do Brasil, que acontece na capital federal a partir desta quinta-feira (12), até o próximo domingo (15).

Congresso da Ubes inicia nesta quinta com debate da Maioridade Penal

Nesta quinta-feira (12), o 41º Congresso da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), teve início com o tema "Estudantes em Defesa da Democracia, por uma Educação de Qualidade e mais Direitos", foi aberto com a presença de cerca de 10 mil jovens de todo o país.

Os estudantes secundaristas vão discutir até domingo, em Brasília, os dilemas da educação, a conjuntura política, econômica, a violência contra a juventude e a redução da maioridade penal.

O Congresso está sendo realizado no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade (quinta-feira e sexta-feira) e no Ginásio Nilson Nelson (sábado e domingo). A luta contra a proposta da redução da maioridade penal no país foi o tema escolhido para a primeira mesa de debates do evento, reforçando a unidade que existe atualmente nos movimentos de juventude em relação a essa causa. A atividade aconteceu em uma tenda montada às margens do lago do Parque da Cidade.

Antes de pularem junto aos estudantes, os convidados falaram sobre a urgência de manter a mobilização em torno dessa pauta nos próximos meses. A presidenta da Ubes, Bárbara Melo, destacou a importância do assunto: “Resolvemos trazer essa conversa logo para a abertura do Congresso, com pessoas de diversos movimentos, porque sabemos o quanto isso é central para nós”, defendeu.

O secretário nacional de juventude, Gabriel Medina, posicionou-se de maneira forte: “Estamos em luta contra o Congresso Nacional do ódio”, declarou. Ele disse que a proposta de redução da maioridade penal é a expressão dos interesses de financiadores de campanhas ligados à indústria armamentista e ao sistema privado de segurança pública no país. “Nossa realidade é a de morte de 33 mil jovens negros por ano e eles querem massacrá-los ainda mais. Essa é uma situação de guerra”, disse.

A presidenta da UNE, Carina Vitral, ressaltou que o momento de retrocessos do legislativo brasileiro representa a reação dos conservadores às conquistas dos movimentos nos últimos anos. “O projeto de lei da redução da maioridade penal é a resposta deles contra as nossas conquistas, é a reação à unidade do movimento social que se construiu no último período, é a expressão do atraso contra os avanços”, afirmou.

Ela lembrou que foram os movimentos de juventude contrários a redução que causaram a primeira derrota do presidente da Câmara Eduardo Cunha, responsável pela ascensão do conservadorismo no Congresso e hoje ameaçado por graves denúncias de corrupção.

Um dos principais movimentos que surgiram no último período, o Amanhecer Contra a Redução, foi representado por Rowena Almeida, que defendeu a ampliação da luta em direção à garantia de direitos da juventude pobre e negra das periferias. "Há mais de 100 anos a escravidão foi abolida, mas os resquícios continuam. Nossa briga precisa também ser contra as revistas vexatórias no sistema sócio-educativo desses jovens, pelo acesso deles ao esporte, à educação, à cultura, pela vida dessa parcela da população", afirmou.

Ciclo de debates

Das 16h às 18h, os estudantes secundaristas debatem seis temas: o declínio do capitalismo e a nessidade de um novo sistema: a reforma política com o fim do financiamento público empresarial de campanha para acabar com a corrupção; Democratização da mídia; A América Latina e a soberania dos povos; A juventude em defesa da educação, direitos e democracia e a não-privatização da Petrobras.

Passeata nesta sexta-feria, 13

Dez mil estudantes e movimentos sociais realizam nesta sexta-feira (13), manifestação em defesa da democracia, contra o impeachment da presidenta Dilma e pela saída de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara dos Deputados. A manifestação é o ponto alto do Congresso da Ubes.

A passeata dos jovens congressitas vai se juntar aos integrantes da Frente Brasil Popular a partir das 9 horas no pavilhão de exposições do Parque da Cidade, onde acontece o Congresso da entidade estudantil. A caminhada seguirá pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional.

"Essa passeata é contra o golpe, contra a retirada de direitos. E a gente se soma àqueles que pedem o afastamento do deputado Eduardo Cunha da Presidência da Câmara, visto que contra ele está mais do que provado casos muito graves de corrupção. Acreditamos que uma pessoa assim não tem condições políticas de continuar à frente da Câmara dos Deputados", diz a presidente da Ubes, Bárbara Melo.

O protesto tem ainda o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), da União dos Estudantes Secundaristas do Distrito Federal (UESDF) e da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). Contará com a participação de outros movimentos de trabalhadores, sem-terra, organizações de defesa das mulheres, negros e LGBT que integram a Frente Brasil Popular.

Serviço
Passeata: “Os estudantes em defesa da democracia, por uma educação de qualidade e mais direitos”
Data: Sexta-feira, 13 de novembro
Concentração: 9h no Parque da Cidade
Evento: https://www.facebook.com/events/1190902667604024/