Petroleiros prometem intensificar greve, que se espalha pelo país

No terceiro dia da greve dos trabalhadores da Petrobras, a categoria contabiliza uma adesão crescente às paralisações. Segundo balanço divulgado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), somente na Bacia de Campos, responsável por 80% da produção do país, 43 plataformas integravam o movimento nesta terça (3). Após denúncias de atitudes intimidatórias e antissindicais por parte da empresa – um sindicalista chegou a ser preso –, a FUP promete intensificar ainda mais a mobilização.

Petroleiros em greve

“O diferencial dessa greve é que o nível de adesão já está sendo maior que em todas as outras. E isso sinaliza que amanhã já teremos a consolidação nacional da greve”, afirma Divanilton Pereira, dirigente nacional da FUP.

Diante de um impasse nas negociações, os petroleiros iniciaram no último domingo (1º) a greve por tempo indeterminado. Na pauta de reivindicações, está a retomada dos investimentos da Petrobras, a manutenção dos empregos, a defesa das conquistas que o país alcançou nos últimos anos e a garantia de condições seguras de trabalho.

Segundo a FUP, para tentar desmobilizar a categoria, as gerências da companhia estão utilizando de “métodos coercitivos”, como “ligações telefônicas para a casa dos trabalhadores com intimidações às suas famílias, assédio via WhatsApp e registro de boletins de ocorrência nas delegacias”. A entidade denuncia ainda que os trabalhadores estão sendo vítimas de irregularidades que vão desde “cárcere privado até do uso da força policial dentro das unidades”.

Nesta terça, o representante dos petroleiros no Conselho de Administração da Petrobrás, Deyvid Bacelar, foi detido durante um conflito com a polícia, que ocupa a refinaria Landulfo Alves, na Bahia, desde domingo. Bacelar também é coordenador do Sindipetro Bahia e participa do movimento grevista. Para a FUP, tratou-se de mais uma atitude intimidatória.

“A empresa não acreditava que a categoria acompanhasse a greve em torno do nosso tema e agora utiliza práticas antissindicais, chegando, inclusive, a prender o dirigente do sindicato da Bahia. Diante da irregularidade do ato, nossa assessoria jurídica já o liberou, mas essa é uma expressão do que vem acontecendo. Tem gente ligando para a casa dos petroleiros, exigindo que assinem documentos, quer dizer, toda uma pressão, tentando recrutá-los para não aderirem à greve. Mas a categoria já tem certo acúmulo e resiste bem a essas investidas”, disse Pereira.

Em seu site, a FUP condenou o ocorrido, comparou-o às arbitrariedades que aconteciam na época da ditadura militar e afirmou que as gerências têm contrariado a Lei de Greve e a decisão legítima dos trabalhadores de aderirem ao movimento. “Os que combatem a greve com ações truculentas são os mesmos que estão à frente do processo de negociação. Arbitrariedades e práticas antissindicais não serão toleradas pelos petroleiros. A resposta da categoria é intensificar a greve”, alerta a entidade.

De acordo com Divanilton, as paralisações já provocam impacto nas operações da empresa, com uma baixa de cerca de 500 barris na produção de petróleo. “A greve já é um fato nacional. Continuaremos negociando, mas com a categoria em greve. Hoje (3) a Petrobras tem uma nova oportunidade. A diretoria da empresa está reunida, e espero que reflita e retorne à mesa com a pauta que entregamos”, disse o petroleiro.

Segundo ele, a Petrobras ignorou por mais de 100 dias a chamada Pauta pelo Brasil, apresentada pela categoria, e que inclui suspensão da venda de ativos, preservação da política de conteúdo nacional, garantia de exploração do pré-sal pela própria Petrobras e implementação de uma nova política de saúde e segurança. De acordo com a FUP, a empresa ainda apresentou uma proposta de renovação do acordo coletivo “que reduzia direitos”.

Pereira contou ainda que o Ministério Público do Trabalho havia convocado uma reunião com a empresa e os petroleiros, para tratar dos termos da greve. Mas a Petrobras não compareceu.

“Nossa luta é a favor da sociedade brasileira, pois o que queremos é que a Petrobras, empresa que detém algumas das maiores reservas de petróleo do planeta, volte a ser a locomotiva do desenvolvimento nacional. Nossa greve, portanto, é em defesa do Brasil”, diz a FUP, em nota.