Ex-presidente do BC na era FHC prega o corte de programas sociais

O ex-presidente do Banco Central durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, defendeu em entrevista à revista Época cortes drásticos no orçamento federal, incluindo os programas sociais. A proposta de Franco, que no período em que comandou o BC foi responsável pelas maiores taxas de juros de sua história, acontece na semana em que a presidenta Dilma reafirmou que, apesar da crise, os programas sociais serão mantidos.

Gustavo Franco

"É preciso ter espírito livre para olhar tudo. Nada é incortável. Se o país não encarar isso de frente, vamos continuar num ambiente de paralisia, em que a inflação ou a dívida vão explodir. Chegamos à situação em que todos os itens do Orçamento são legítimos, só que isso soma algo acima da receita. Vai pegar programas sociais? Seguramente", disse Franco.

Enquanto Dilma afirma que seu compromisso é priorizar programas que são essenciais para a população, Franco vai na direção contrária. "A democracia é tão mais sólida economicamente quanto mais avançada forem suas instituições orçamentárias, inclusive para escolher prioridades", disse ele;
Para ele, o ajuste fiscal do governo não deve poupar nem mesmo programas de transferência de renda. “Tem de ter espírito livre para analisar o todo”.

Ele ainda defende a redução dos investimentos públicos. “Há situações na economia em que o aumento de gasto público é um remédio, e outras em que é veneno, como agora. Algumas pessoas repetem esse samba de uma nota só. É uma tolice”, disse.

Por outro lado, admite que existe uma crise ao afirmar que a “perda do poder de compra da moeda é reflexo também da conjuntura ruim”. Franco afirma que “se não fosse a explosão na taxa de câmbio, talvez o número (inflação) fosse menor”.