Professores planejam manifestações contra reforma de Alckmin

Os professores paulistas aprovaram em assembleia no início da tarde desta quinta (29) uma série de mobilizações contra a reorganização escolar proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). 

Apeoesp organiza manifestações

"Vamos ocupar as diretorias de ensino, protestar no Palácio dos Bandeirantes, esclarecer os pais no dia 14, quando o governo vai definir para onde vão os alunos. Não vamos aceitar o fechamento de escolas e a redução de jornada. Vai ser uma briga longa", afirmou Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, presidenta da Apeoesp, o sindicato dos professores.

A ocupação das diretorias de ensino será realizada em 5 de novembro, para fazer pressão contra a reorganização. Já no dia 10 os professores vão realizar uma manifestação no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e querem que Alckmin desista de fechar escolas. Os docentes também aprovaram o boicote ao Saresp, exame que avalia a qualidade do ensino.

"E no dia 14 vamos para a porta de cada escola do estado explicar para os pais o real objetivo da reorganização. Nada tem de pedagógica. É somente para economizar dinheiro. E vai piorar o ensino", afirmou Bebel. Os professores pretendem intervir nas reuniões em que os representantes do governo Alckmin vão definir a reorganização e aprovaram a continuidade do estado de greve iniciado em 30 de setembro.

O governo Alckmin justificou a medida dizendo que vai reunir alunos do mesmo ciclo – fundamental I e II e médio – em escolas próprias. E com isso vai melhorar a qualidade do ensino. Porém, pelo menos 94 escolas serão fechadas por conta da reorganização.

Professores e estudantes temem que essas mudanças levem à superlotação de salas, demissão de professores e redução de salário decorrente da redução de jornada.

Além disso, Bebel acredita que o número de escolas a serem fechadas é muito maior. "O governador tenta desmobilizar estudantes e professores. Mas aos poucos vai fechar outras escolas. E também vai fechar turnos noturnos", afirmou.

Um exemplo de como isso será feito é a escola estadual Vera Athayde Pereira, na Vila São José, zona sul da capital paulista. "A escola não vai fechar, mas não vai aceitar novas matrículas no fundamental II (5ª à 9ª série). Com o tempo só vai ficar o ensino médio. Vai matar o fundamental", disse o estudante Igor Rodrigues, de 16 anos.

Ele credita que a reorganização vai prejudicar os alunos. "Para nós, não vejo no que pode melhorar. Ninguém explica nada. Temo ficar em uma escola muito longe e ter de mudar de novo. É muita bagunça", afirmou Igor.

Professores, estudantes, sindicatos e movimentos sociais realizam agora à tarde o Grito pela Educação, ato que reúne as organizações por uma educação pública de qualidade, valorizando professores, reduzindo o número de alunos por sala, equipando escolas e garantindo a gestão democrática das escolas, com a participação de pais, alunos, professores e funcionários.