Ciência sem Fronteiras é aprovado pelos estudantes 

A pedido da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado, foi feita uma pesquisa com bolsistas e ex-beneficiários do Programa Ciência sem Fronteiras para verificar suas impressões e os ganhos que tiveram ao participar do projeto. Foram entrevistados mais de 14 mil estudantes, e a maioria o avaliou positivamente.  

Ciência sem Fronteiras é aprovado pelos estudantes - Agência Senado

Do total de entrevistados, 92% declararam estar satisfeitos ou muito satisfeitos com o Ciência sem Fronteiras. Para 85%, a experiência de estudar no exterior foi ótima. Outros 12% avaliaram a experiência como boa. Nenhum entrevistado falou que o programa é ruim ou péssimo. Dos participantes da pesquisa, 68% afirmaram ter tido a oportunidade de repassar o conhecimento obtido no exterior a colegas e professores; 25% disseram que não tiveram essa chance.

A pesquisa mostrou ainda que 53% dos beneficiários do programa afirmaram que preferem seguir carreira profissional no Brasil e apenas 24% querem prosseguir em países estrangeiros.

Os resultados foram apresentados nesta terça-feira (20) por Marcos Oliveira, diretor do DataSenado, em reunião da comissão. A pesquisa será usada como fonte de informações pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) na elaboração do seu relatório com a avaliação do programa.

Omar Aziz fará um balanço sobre o Ciência sem Fronteiras e avaliará se os resultados compensam o investimento que o projeto tem representado para o Estado brasileiro. O senador criticou o programa, alegando que os R$ 9,5 bilhões gastos desde sua criação, em 2011, não garantem os retornos esperados.

Conclusões prematuras

Estiveram presentes na apresentação dos resultados da pesquisa os representantes das duas entidades coordenadoras do programa. Adi Balbinot, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), concordou que a política pública precisa ser aprimorada e avaliada, principalmente sobre a questão da absorção dos egressos no Brasil.

Mas salientou que conclusões imediatas podem ser prematuras, em função da magnitude do programa e do curto tempo, até agora, de amadurecimento do conhecimento que os alunos obtiveram lá fora.

Ele salientou como positiva a alta inserção dos bolsistas de graduação sanduíche na pós-graduação, ao retornar ao Brasil. O número é três vezes maior entre os egressos do Ciência Sem Fronteiras, por exemplo. “É necessário um tempo de amadurecimento desses dados e informações para tomar decisões de aprimoramento do programa”, ressaltou.

O gestor da Capes afirmou ainda que todos os bolsistas, tanto do Ciência sem Fronteiras quanto de outros programas de intercâmbio, são obrigados por contrato a permanecer no país pelo mesmo tempo do curso que fez. E quando isso não ocorre, ele é obrigado a estornar ao país todo o custo com sua permanência.

“Temos 199 bolsistas que solicitaram a suspensão do período de interstício. São R$ 1,7 milhões de devolução de recursos, isso é importante frisar”, disse Balbinot.

Lucilene Barros, representante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), disse já ser perceptível o aumento de parcerias para pesquisa científica entre universidades brasileiras e instituições estrangeiras por causa do programa, inclusive com a presença de estrangeiros no país.

Dúvidas na pesquisa

Os dados não impressionaram o senador Omar Aziz, que, para criticar o programa, lançou dúvidas com relação à pesquisa . O senador chegou a afirmar que a pesquisa do DataSenado não deixa claro se o conhecimento foi compartilhado apenas “numa mesa de bar” ou de forma técnico-científica, o que realmente importa para a sociedade.

O senador reclama que o alto custo bancado pelos cidadãos brasileiros para manter um estudante no exterior não tem gerado dividendos para o conhecimento científico nem os resultados necessários para a economia brasileira. Do que se pode perceber, diz o parlamentar, o enriquecimento é pessoal, e isso é muito pouco para justificar o gasto.