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A poesia visual de Mário Alex rosa

Mário Alex Rosa é artista visual natural de São João Del Rei e mora atualmente em Belo Horizonte. Já expos seu trabalho em diversas cidades de Minas Gerais, entre elas, Ouro Preto, Belo Horizonte, Contagem, Uberada, Diamantina, Juiz de Fora, entre outras.

Mário Alex Rosa - Arquivo pessoal

Graduado em História e doutor em Literatura Brasileira pela USP, atualmente Mário trabalha como professor de Literatura e têm seus artigos e resenhas publicados em diversos jornais e revistas acadêmicas.

Também já publicou alguns livros, entre eles, ABC futebol clube e Formigas (infantis) e Via Férrea.
Letras Vermelhas traz uma série de poemas visuais de Mário. O professor fez questão de enviar uma apresentação de sua obra, intitulada Desambientes.

Leia na íntegra e a seguir veja os poemas:

Pretendo, com esta mostra, intitulada Desambientes, reunir uma série de objetos (Poemas-objetos), onde articulo a linguagem plástica e a visualidade poética. Uma série de trabalhos em que brinco com referenciais plurais, tanto da história da arte (os ready mades de Marcel Duchamp e as narrativas visuais de Joseph Beuys) como da poesia (a escrita híbrida e brincante do catalão Joan Brossa). São referências reprocessadas sob o filtro do meu olhar, olhar este em que a palavra sempre esteve em contato íntimo com a imagem.

Neste sentido, é necessário ressaltar que o cotidiano, mola mestra, pênsil e pulsante da vida, é o grande responsável pela vinda à tona destes objetos ou poemas-objetos. É justamente no embate e no diálogo entre elementos domésticos do dia-a-dia e sua representação estética que proponho o pilar desta exposição. A palavra, aqui, é fundamental, mas só se completa no âmbito de sua intersecção com o extrato plástico.

São obras de formato pequeno e médio, com direito à presença de um humor sutil e sorrateiro, não aquele que libera a gargalhada mas sim o sorriso tímido no canto da boca. Meus trabalhos são epifanias, resultado de uma discreta batalha entre o sentir e o pensar. São essencialmente lúdicos, mas transcendem esta natureza ao se conectarem em território fornido pela força fecunda do diálogo.
Outro jogo presente ao contexto desta mostra diz respeito à formatação das obras. São utensílios dúplices e cúmplices, onde a lavra da palavra e sua metamorfose no espaço visual brincam de esconde-esconde com os espectadores. Há a retirada de um trabalho de seu contexto original e sua aparição, metamorfose, formosa metáfora como diria o poeta Paulo Leminski, em outra coisa. No caso, a coisa é o objeto poético e artístico na comunhão consigo mesmo.

Alguns dos trabalhos explicitam este diálogo vocabular-plástico, como “Conta-Letras”, onde reformulo conceitualmente o uso de um reles conta-gotas, preenchendo o espaço antes líquido pela solidez de ícones tipográficos. “Pinçando o P” traz uma pinça segurando a letra ‘P” de metal como se atraísse, ímã natural, peças tipográficas, conjuntos de letraset isolados, situados logo abaixo de sua estrutura. Ou um simples pregador de roupa retoma uma outra função, ou seja, a própria palavra segurando (pregando) a palavra DOR (PREGA DOR), retirada da própria palavra pregador. Os objetos passeiam pelos espaços da casa, e um rolador de massa vira “Poema para a massa”, fazendo referência a famosa frase de Oswald de Andrade: “a massa ainda comerá do biscoito fino que fabrico”. No meu poema-objeto a palavra massa procura ganhar outros sentidos.
 

Veja os poemas: