Conferência: PCdoB de Fortaleza homenageará militante histórico

Seu Israel era militante do Partido desde 1946. Casado com Dona Alzira Ávila Bastos, desde 1956, teve onze filhos. Sua vida foi marcada por uma militância profícua e inspiradora, que começou quando tinha 19 anos em Itapajé, no norte do Estado.

Amor pela política

Inicialmente, sua atuação era junto ao movimento rural, em articulações com a Liga Camponesa. Chegou a ser presidente do Sindicato Rural de Itapajé nos anos 1950. Com a instalação da ditadura militar, decidiu deixar a família e se esconder no Piauí.

Em decorrência disso, boa parte dos registros fotográficos e documentos a seu respeito não existem mais. “Com medo da perseguição política, mamãe queimou tudo”, conta o filho Israel Júnior.

Nos anos 1970, Seu Israel voltou para Fortaleza, ficando um período sem contato com o Partido, à época na ilegalidade. Com a redemocratização, reencontrou o Partido: “Ele foi a umas reuniões do PCB onde tinha amigos. Mas logo percebeu que não eram aquelas ideias que ele defendia. Então, em 1984, o levei na sede da Tribuna Operária e retomamos o contato”, explica Júnior, que também é militante do PCdoB.

Esperança

“Meu pai era de uma militância anônima. Apesar de tudo que passou, nunca abriu mão de ser quem ele era. Ele ainda esperava ver o mundo diferente. Tinha esperança e acreditava na revolução!”, conta Júnior. “Ele estava sempre do lado do pobre. E dizia que o amor pela política é o socialismo”.

Seu Israel era sensível às dificuldades da atual etapa da luta dos trabalhadores. “A eleição de Lula foi muito importante para ele. Ele se dedicou muito nas campanhas de Lula e Dilma. Conversou com muita gente, tinha paciência para ouvir e esclarecer. Ele tinha consciência da pressão da direita e do capital”.

Para Ivan Bastos, também filho, Seu Israel foi uma referência muito além da família. “Ele era um pai muito presente e tinha um cuidado muito grande conosco, com a nossa formação. Mas também era um homem alegre e adorado por todos no bairro”.

Israel Júnior, que assumiu o comércio de relógios do pai, lembra: “As pessoas até hoje param e me perguntam ‘cadê aquele velho comunista?’ com um carinho enorme”.

Homenagem

Seu Israel sofreu uma queda em um ônibus em julho de 2012 que o obrigou a se afastar de todas atividades. Ele faleceu no último dia 18 de junho de 2015.

A direção do Comitê Municipal convida toda militância e amigos a prestarem sua homenagem a este bravo militante, querido e admirado por todos, que carregou a bandeira vermelha por toda a vida. O evento ocorrerá no dia 7 de novembro, no auditório da Faculdade de Direito da UFC, logo após o ato político de abertura da 17ª Conferência Municipal.

De Fortaleza,
Mônica Simioni (especial para o Vermelho-CE)