Comunistas uruguaios comemoram 95º aniversário do Partido

Participaram também o ex-presidente da República, José Mujica, a senadora Lucía Topolansky, o intendente de Canelones, Yamandú Orsi, o presidente da Câmara dos Deputados, Alejandro Sánchez, dirigentes sindicais, de grupos e setores da Frente Ampla, a subsecretária (vice-ministra) de Desenvolvimento Social, Ana Oliveira, e o senador pela Frente Ampla, Marcos Carambula.

Fizeram uso da palavra o secretário-geral do PCU, Eduardo Lorier, Bety Chiz, fundadora da União da Juventude Comunista (UJC), Daniel Mariño, secretário-geral da UJC, e o dirigente do PCdoB. A deputada federal Jô Morais, do PCdoB, que se encontrava em Montevidéu para atividades do parlamento brasileiro, também esteve presente.

O secretário-geral do PCU destacou a importância histórica da trajetória do Partido ao longo de 95 anos, suas raízes nas classes trabalhadoras uruguaias, sua base teórica – a doutrina de Marx, Engels e Lênin – e o heroísmo dos comunistas na luta contra a ditadura. Eduardo Lorier assinalou o papel do Partido Comunista Uruguaio na criação da Frente Ampla, em 1971, coalizão partidária e movimento social que governa o país desde 2005. Foi de grande importância também a participação dos comunistas nas campanhas eleitorais vitoriosas e na realização das primeiras transformações progressistas durante os dois primeiros governos da Frente Ampla.

Secretário Geral do PCU, Eduardo Lorier

O dirigente comunista uruguaio defendeu as conquistas democráticas e sociais alcançadas ao longo dos dois mandatos presidenciais exercidos pela Frente Ampla, primeiro com Tabaré Vasquez, depois com Mujica, e defendeu que no novo mandato conquistado nas eleições do ano passado pelo presidente Tabaré é preciso avançar na aplicação do programa da Frente Ampla e no processo de transformações, em todos os planos.

Para Lorier, é necessário manter as políticas sociais e combater a desaceleração do crescimento econômico com investimentos públicos. Defendeu para isso mudanças na política fiscal, taxando os setores que acumulam mais riqueza, com impostos progressivos sobre a renda e os lucros extraordinários. O líder do PCU defendeu a regulação dos preços, o combate aos oligopólios principalmente aqueles que fixam os preços nos setores de alimentação e aluguéis residenciais, demandou aumentos salariais como principal instrumento para combater a pobreza e como recurso genuíno para fortalecer a demanda interna e reduzir o impacto das dificuldades na frente externa.

O secretário-geral do PCU fez ainda em seu discurso afirmações categóricas em prol do aprofundamento da democracia, da participação popular, da mobilização de massas e unidade dos trabalhadores, da soberania nacional e do caráter da Frente Ampla como coalizão de partidos políticos e movimentos sociais.

Solidariedade internacionalista

“Transmito com entusiasmo as mais calorosas saudações dos comunistas brasileiros e das delegações internacionais aqui presentes, pelo transcurso do 95º aniversário do Partido Comunista do Uruguai, uma saudação que estendo à direção partidária, seus militantes e quadros e a todo o povo uruguaio, pois a comemoração dos comunistas é também de todos aqueles que se identificam com os ideais da liberdade, justiça social e independência nacional. Não se pode falar da luta por essas bandeiras e pelo socialismo no Uruguai e na América Latina sem nos referirmos à trajetória heroica deste combativo Partido”, disse o secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil, José Reinaldo Carvalho.

Secretário de Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho 

O dirigente comunista brasileiro lembrou a “gigantesca figura” de Rodney Arismendi, dirigente histórico do PCU, “exemplo de dirigente comunista de tipo leninista, que soube fundir formulações táticas e estratégicas com habilidade, coerência e ousadia, como precursor da Frente Ampla e combatente pelos objetivos finais que movem a existência de um partido comunista”.

Para Zé Reinaldo, “o ciclo político progressista que teve início na América Latina a partir da vitória eleitoral do saudoso comandante Hugo Chávez na Venezuela em 1998 tem muito a ver com o pensamento político de Arismendi, que teorizou e orientou os comunistas uruguaios e latino-americanos no sentido da unidade”.

O dirigente comunista brasileiro assinalou que está em curso uma brutal ofensiva das classes dominantes e do imperialismo para reverter as conquistas alcançadas nestes 17 anos em todo o continente e chamou a atenção em especial para a tentativa de golpe antidemocrático no Brasil, pedindo a solidariedade de todos ao governo democrático e progressista da presidenta Dilma Rousseff.

As delegações internacionalistas cumpriram intenso programa político nos dias 8, 9 e 10 na capital uruguaia: reuniões com a direção do PCU, a Comissão de Relações Internacionais da Frente Ampla, participação na abertura da reunião da Mesa Representativa da central sindical PIT/CNT, visita ao Museu da Memória e reunião com membros da direção setorial da Intendência de Montevidéu.