Disputa entre Bolívia e Chile será julgada pelo Tribunal de Haia

A Corte Internacional de Justiça de Haia (CIJ) decidiu nesta quinta-feira (24) ser um tribunal competente para julgar a disputa da Bolívia contra o Chile em defesa de uma saída soberana para o mar. Santiago havia questionado, em 2012, a pretensão de La Paz e afirmou, na época, que o caso não poderia ser julgado em Haia.

Evo Morales e Michele Bachelet - Ministério da Comunicação da Bolívia

A decisão de Haia afirma que sim, a corte subsídios o suficiente para trabalhar neste caso. O resultado não significa uma vitória, mas sim uma possibilidade de continuar a disputa. Agora os dois países terão que apresentar seus argumentos sobre o fato de o Chile ter, ou não, a obrigação de negociar uma saída soberana para o mar para a Bolívia.

Nos próximos dias serão estabelecidas as datas para os dois países apresentarem suas defesas, mas este processo ainda pode durar pelo menos dois anos. Para a presidenta Bachelet a Bolívia “não ganhou nada” porque a decisão da CIJ “não obriga o Chile a ceder território”.

Ainda assim, depois da divulgação do resultado, uma manifestação tomou conta do centro de La Paz e o presidente boliviano, Evo Morales, se pronunciou sobre o caso. “Até o povo chileno nos apoia. Visitamos o Chile durante a posse da irmã presidenta Bachelet em sua primeira gestão e em um coliseu cheio o povo reclamava mar para a Bolívia”, afirmou.

Morales disse ainda que está aberto para o diálogo com Bachelet e garantiu que artistas, professores e intelectuais chilenos já se somaram à campanha em defesa de uma saída soberana para o mar da Bolívia. Destacou também que os países da América Latina, se unidos, podem chegar mais longe.

A Bolívia perdeu o acesso ao mar após a derrota na Guerra do Pacífico, entre 1879 e 1883, que envolveu Chile, Bolívia e Peru, e na qual o Chile estabeleceu o domínio da província de Antofagasta, que pertencia à Bolívia, e as de Iquique e Arica, que pertenciam ao Peru.