Urariano Mota: Apelo para Soledad Barrett no teatro brasileiro

Na coluna semanal Prosa, Poesia e Política, o escritor pernambucano Urariano Mota fala sobre o espetáculo teatral “Soledad – A terra é fogo sob nossos pés”. A peça recupera a vida e a luta da militante paraguaia que viveu no Brail durante a ditadura militar e foi entregue à repressão pelo marido, o Cabo Anselmo. Soledad estava grávida quando foi assassinada junto a outros cinco companheiros, no que se convencionou chamar “O massacre da granja São Bento”.

Soledad Barret

O espetáculo, que é encenado no Recife até este fim de semana, tem como destaque a reconhecida atriz pernambucana Hilda Torres. A direção é da atriz e diretora Malú Bazan. As duas também são responsáveis pelo texto do monólogo. A artista plástica Ñasaindy de Araújo Barrett, única filha de Soledad Brrett, compôs músicas e a identidade visual do projeto, que estabelece um diálogo intenso com a música.

No seu comentário, Urariano – autor do livro Soledad no Recife, que inspirou peça – defende que o espetáculo precisa circular pelo Brasil, para que outros públicos conheçam a trajetória da militante, "uma mulher entregue à repressão pelo marido, uma tragédia que um dia foi encenada com o terror de Estado, sangue e traição no Recife". 

O escritor faz então um apelo para que secretarias de cultura e de direitos humanos convidem o espetáculo para outras cidades, dando condições para que mais brasileiros possam ver a ressurreição de Soledad Barrett no palco. "Levem Soledad Barrett para os teatros do Brasil. O monólogo é um momento de renovação e recuperação da cena teatral para a vida, anunciada e denunciada com emoção, beleza e arte. O espetáculo não deve ficar apenas no Recife. Ele apenas começou aqui, mas não pode morrer nesta cidade, como a sua heroína. Soledad é viva história de todo o Brasil."

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