Farc-EP agradecem presença de ONU e Unasul em negociação com Colômbia

As Farc -EP agradeceram nesta terça-feira (15), em Havana, a presença de delegados das Nações Unidas e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) na Mesa de diálogos de paz para a Colômbia, que se desenvolvem no país caribenho.

Jean Arnault, da ONU

A participação de Jean Arnault, delegado do secretário geral da ONU, e da presidência da Unasul, José Bayardi, constitui testemunho irrefutável do apoio da comunidade internacional ao esforço do povo colombiano para pôr fim de forma civilizada a este longo e doloroso conflito, indica a saudação das Farc-EP.

No desenvolvimento do 41º ciclo dos diálogos entre representantes do governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP), integrantes da subcomissão técnica da guerrilha reuniram-se com Arnault e Bayardi, segundo informa a página digital da delegação de paz dos guerrilheiros.

Sem o solidário acompanhamento dos povos, governos e organismos internacionais será infrutífero este esforço titânico que estamos realizando em Havana, indica o texto, lido pelo comandante Carlos Antonio Lozada.

Ele recorda que são mais de 50 anos enfrentados pelos colombianos, desde quando um grupo de 48 camponeses se viram obrigados a se levantar em armas para responder a agressão militarista do Estado na região agrária onde viviam pacificamente, dedicados a seus trabalhos no campo.

Afirma que o conflito provocou mais de 250 mil mortos, 6 milhões de deslocados, 50 mil desaparecidos, 7 milhões de hectares de terra expropriada de seus humildes donos e milhões de compatriotas expulsos ao exílio por razões econômicas e políticas.

Além disso, prossegue, centenas de dirigentes sindicais, líderes sociais e defensores de direitos humanos assassinados e mais de seis mil militantes e dirigentes do movimento político de esquerda União Patriótica assassinados a tiros por esquadrões da morte a serviço do regime; sem falar de outras gravíssimas consequências sociais, econômicas e ambientais.

Após assinalar que um conflito destas características dificilmente pode ser mantido dentro do marco das fronteiras de um país, aponta que isto explica a preocupação e o interesse dos povos do continente e seus governos, bem como do conjunto da comunidade internacional por contribuir para sua solução política.

Não obstante, reconhecer a complexidade de romper a desconfiança de mais de meio século de sério enfrentamento, as Farc-EP asseguram que em ambas delegações há vontade política, franqueza, transparência e a firme decisão de legar às futuras gerações um país mais justo, em paz, em plena democracia, respeitado e reconhecido pela comunidade internacional.

O acordo que estamos construindo parte do reconhecimento e devido respeito pela contraparte e da necessidade de pôr fim a um conflito que não tem possibilidade de solução militar, sublinha.

Por esta razão, afirma, seu texto deverá ser produto do consenso das duas delegações, onde o resultado final tem de ser um verdadeiro tratado de paz estável e duradouro.

Lozada ressaltou que as Farc-EP transmitem à ONU e à Unasul seu "indeclinável compromisso com a paz na Colômbia, para fazer da América e Caribe um território de paz; e pela paz mundial, agradecemos profundamente que detenham seu olhar na Colômbia e nos estendam sua mão generosa para nos apoiar na solução deste conflito".

Fonte: Prensa Latina