Metalúrgicos da Ford cruzam os braços contra demissões em São Bernardo

Em solidariedade a companheiros de trabalho demitidos, cerca de 4,3 mil trabalhadores da Ford do Brasil, em São Bernardo, no ABC paulista, decidiram paralisar as atividades por tempo indeterminado, na manhã desta quinta-feira (10).

Greve na Ford - Adonis Guerra

A greve repudia a decisão da montadora norte-americana de enviar comunicados de demissão para 200 funcionários nesta quarta-feira. “Não vamos aceitar essa postura arbitrária e irresponsável da empresa após anos de negociação com os trabalhadores. Agora é greve até que a Ford volte a conversar e reveja as demissões”, afirma Alexandre Colombo, diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e representante do Comitê Sindical da multinacional.

A Ford vai na contramão de recentes decisões de outras montadoras que suspenderam demissões em seus quadros de funcionários. A General Motors do Brasil, de São José dos Campos, interior de São Paulo, fez acordo com o sindicato e readmitiu 798 trabalhadores e trabalhadoras.

A Mercedes-Benz cancelou os 1,5 mil cortes efetuados, também em acordo com o sindicato da categoria no ABC paulista. Já a Volkswagen desistiu de demitir 43 funcionários, em Taubaté, no interior do estado.

Apesar de as fábricas estarem optando pela adesão ao Plano de Proteção ao Emprego (PPE), do governo federal, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) admite que 27,4 mil funcionários de montadoras estarão em férias coletivas ou lay-off (afastamento temporário do trabalho) ainda neste mês.

“É necessária a união de todos os metalúrgicos para barrar essa ofensiva das multinacionais em cobrar dos trabalhadores brasileiros o preço da crise em seus países de origem”, afirma Denis Caporal, dirigente da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil.