Dilma: O crescimento econômico é fundamental para o equilíbrio fiscal

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta quinta-feira (10), a presidenta Dilma Rousseff comentou o rebaixamento do rating do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's para “BB+”, afirmando que “o governo brasileiro continua trabalhando para melhorar a execução fiscal e torná-la sustentável”.

Dilma - Foto: Reprodução

“Você vai notar que de 1994 a 2015 só em 7 anos, a partir de 2008, a nota foi acima de BB+. Portanto, essa classificação não significa que o Brasil esteja em uma situação em que não possa cumprir as suas obrigações. Pelo contrário, está pagando todos os seus contratos, como também temos uma clara estratégia econômica. Vamos continuar nesse caminho e vamos retomar o crescimento deste país”, afirmou a presidenta, salientando que parte fundamental do equilíbrio fiscal é o crescimento da economia.

Na entrevista, Dilma frisou que a crise global de 2008 e 2009 levou os países emergentes a tomarem medidas contracíclicas, e no Brasil não foi diferente. “Para tentar garantir a taxa de investimento do setor privado nós fizemos desonerações substantivas – 56 setores econômicos foram desonerados da folha; reduzimos a taxa de juro do investimento em bens de capital de forma drástica e demos ao BNDES recursos para esse investimento. Fizemos uma política de financiamento dos estados só para investimento onde colocamos em torno de R$ 20 bilhões. Financiamos concessão de rodovias, portos, aeroportos, fizemos um programa de segurança hídrica, o Minha Casa, Minha Vida, tivemos investimentos em mobilidade urbana em quase todas as capitais. Com isso, queríamos o quê? Manter uma taxa de investimento elevado, tentando conter a queda do emprego e da renda”, explicou.

Ela enfatizou que agora o governo faz a sua parte, canalizando os investimentos em infraestrutura e energia. Ela lembrou que a expansão das exportações, por conta da desvalorização no câmbio, tem efeito inflacionário negativo, mas também de expansão de exportações.

“Nós, que estávamos em situação de deficit comercial, vamos ter um superavit”, destacou ela, afirmando que é possível chegar em torno dos US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões de superavit comercial. “Isso vai estimular algumas indústrias. Elas, que perderam mercado interno, vão ganhar mercado internacional, porque nossa desvalorização foi maior do que a de outros países.”

Dilma apontou ainda que a inflação já está indicando sinais de queda. “Redução da inflação em 2016, combinado com alguma recuperação do crescimento puxado pelas exportações, pela continuidade desses investimentos, acho que cria um clima para ter uma expansão maior do crédito, que hoje está completamente retraído. A retomada do crescimento do crédito aumenta a possibilidade de as famílias também consumirem mais”, garantiu.

A presidenta frisou que o governo tomou medidas para conter os gastos. “Nós cortamos gastos e diminuímos a desoneração, o subsídio aos juros. Este ano nós contingenciamos R$ 78 bilhões e cortamos R$ 40 bilhões até agora. E é em relação a esse patamar que nós estamos projetando o Orçamento de 2016. É importante você ver a composição da despesa, 90,5% do Orçamento não é contingenciável. Temos aqui uma jabuticaba: despesas discricionárias não contingenciáveis”, disse.

Segundo ela, nas despesas discricionárias contingenciáveis, tem R$ 42 bilhões para o PAC e R$ 72 bilhões para tudo o mais. “O deficit em relação à meta é de R$ 64 bilhões. Contingencia isso como? Como?”, indagou.

Sobre as medidas a longo prazo para garantir a sustentabilidade do equilíbrio fiscal, a presidenta Dilma destacou que é preciso “fazer uma reforma da Previdência intergeracional”, proposta que está sendo discutida em um fórum.

Dilma também reafirmou que a meta de superavit de 0,7% do PIB no ano que vem será atingida e disse que vai enviar nas próximas semanas propostas de aumento de receitas fiscais e de corte de despesas obrigatórias.