Paulinho da Força vira réu em ação penal por formação de quadrilha

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu aceitar denúncia e abrir uma ação penal contra o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SDD-SP). Agora, como réu, Paulinho da Força passa responder processo que será julgado pelo próprio STF, já que tem foro privilegiado.

Paulinho da Força e Aécio

Na denúncia do Ministério Público Federal aceita pelo STF nesta terça-feira (8), o parlamentar é acusado de cometer crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em sua defesa, Paulinho, por meio de seus advogados, alega que foi “vítima de tráfico de influência” de um grupo criminoso.

De acordo com o Ministério Público, Paulinho seria beneficiário de desvios em financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a uma loja e à Prefeitura de Praia Grande (SP). Os valores seriam desviados através de uma empresa de consultoria que não realizava os serviços para a loja e a Prefeitura.

A propina, chamada de “comissões”, variavam de 3% a 4% dos valores dos financiamentos. Ainda segundo o MPF, Paulinho atuava a partir de um conselheiro do BNDES indicado pela Força Sindical. Entre os beneficiados pelo esquema, segundo o MPF, estão o então prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB), João Pedro de Moura, identificado como assessor de Paulinho, Marcos Mantovani, dono de uma empresa de consultoria, e o advogado Ricardo Tosto, ex-conselheiro do BNDES.

Ainda segundo a denúncia, a mulher do deputado, Elza Pereira, teria permitido o uso da conta bancária do ONG Meu Guri, presididas por ela e ligada à Força Sindical, para ocultar parte dos valores desviados do BNDES.

Segundo a defesa de Paulinho, a suposta quadrilha usou indevidamente seu nome para justificar o valor dos serviços de consultoria cobrados pela empresa.

“A fim de aumentar sua participação no resultado do trabalho de consultoria, criaram uma ficção de que algumas pessoas, entre elas Paulo Pereira da Silva, receberia um valor que incorporava o valor que eles receberiam”, afirmou o advogado Marcelo Leal na tribuna durante a sessão no STF.

O advogado disse também que as provas do inquérito foram colhidas de forma ilícita, já que as interceptações telefônicas visavam, originalmente, a investigar outras pessoas envolvidas com tráfico internacional de mulheres para prostituição.

Fraga do DEM

O STF também decidiu autorizar ação penal para investigar o deputado Alberto Fraga (DEM-DF). De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público, entre julho e agosto de 2008 o parlamentar teria exigido e recebido R$ 350 mil para, em troca, assinar contratos entre o governo do Distrito Federal e uma cooperativa de transportes.

Segundo a denúncia, na época em que era secretário de Transportes, Fraga teria recebido a quantia por intermédio de seu motorista, Afonso Andrade de Moura, também denunciado no inquérito.