Pau que dá em Chico tem que dar em Francisco, cobra Viana de Janot

A expressão popular "pau que dá em Chico dá em Francisco”, citada pelo Procurador-Geral da República Rodrigo Janot, durante sabatina no Senado nesta quarta-feira (26), ganhou novo sentido, dado pelo senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente da Casa, que cobou por maior simetria na apuração de denúncias que envolvam políticos de outros partidos além do PT.

Senador Jorge Viana PT - Agência Senado

“Pau que dá em Chico tem que dar em Francisco, e acredito que o Brasil hoje se pergunta se isso está ocorrendo. Qual é a diferença do financiamento de campanha do PT para o do PSDB?”, questionou o senador.

Viana ressaltou seu respeito ao Ministério Público, a quem considera que deve sua própria vida, pelo apoio que recebeu para enfrentar o crime organizado que assolava o Acre, quando assumiu o governo do estado, em 1999. “Se não fosse o Ministério Público, se não fosse uma ação de um juiz federal corajoso, eu não estaria aqui hoje”, reconheceu Viana.

Mas o parlamentar enfatizou que é preciso apurar os ilícitos em curso, mas salientou que não se pode afastar o princípio do contraditório e da presunção da inocência.

“Sei que corrupção e crime organizado são difíceis de serem combatidos sem colaboração [delação]”, ressaltou Viana, registrando sua preocupação com o atual rito que primeiro prende, para depois obter a delação, com a condenação pública dos denunciados. “Só depois é que vamos ver se [os acusados] são culpados ou inocentes”.

“De um lado, há declaração de pessoas. De outro lado, há fatos, fatos concretos, ou não eram um fato, lá em São Paulo, os R$ 800 milhões que vieram à luz por conta dos trens do metrô de São Paulo? Fato, no governo do PSDB, fato concreto. E contra fatos não há argumentos”, citou Viana, para quem “às vezes, a fala de um delator vale para um partido, e não vale para outro”, protestou Viana.

Viana destacou a “capacidade e a competência” demonstradas por Janot durante toda a sabatina, mas criticou a postura de alguns senadores da oposição, que utilizaram a arguição como palanque para requentar e alardear denúncias contra o PT.