PCdoB-CE: Fórum de Movimentos Sociais debate ações contra o Golpe

O PCdoB-CE, através da Secretaria de Movimentos Sociais, realizou no último sábado (08/08), a 7ª reunião ordinária do Fórum Estadual dos Movimentos Sociais. Na pauta do encontro, o debate da atual conjuntura política e o papel protagonista que os movimentos sociais exercem neste momento de crise. O Fórum deliberou sobre a centralidade política da manifestação a favor da democracia e em defesa da presidenta Dilma Rousseff, no próximo dia 20 de agosto, que será realizada em todo o país.

Sindicalistas, estudantes, mulheres, representantes das mais diversas frentes dos movimentos sociais além do deputado federal Chico Lopes, do vereador de Fortaleza Evaldo Lima e do Secretário de Estado Inácio Arruda estiveram presentes para discutir o atual cenário político e definir uma agenda comprometida com a defesa da democracia, dos direitos do povo trabalhador e da soberania do País, tendo como centro, neste momento, a defesa do governo legítimo da presidenta Dilma, ameaçado por uma campanha golpista desenvolvida por forças conservadoras.

Nagyla Drumond, secretária estadual de Movimentos Sociais do PCdoB-CE, iniciou o debate afirmando que, desde 2011, quando o Fórum foi lançado, este é o momento mais decisivo e que exige a maior atenção e mobilização em defesa da democracia e do País, ameaçada pela articulação golpista em pleno andamento. “Criamos este espaço para dialogar sobre nossa atuação conjunta e agora, mais do que nunca, é preciso desenvolvermos uma ação mais rápida e alinhada. O cenário exige firmeza, compromisso, diálogo e amplitude política. O que está em jogo é a democracia brasileira”, ratifica.

Luis Carlos Paes, presidente estadual do PCdoB-CE, enalteceu a presença dos comunistas que atenderam ao chamado para o debate. “Demonstra a preocupação e o compromisso com o Brasil”. Segundo o dirigente, “há 12 anos os governos Lula e Dilma têm procurado, mesmo com limitações e erros, construir uma nova alternativa de desenvolvimento no país, privilegiando segmentos da sociedade historicamente excluídos”. “Neste período, milhões ingressaram no mercado de trabalho formal, a renda do salário cresceu, programas sociais retiraram milhões da miséria e a fome praticamente deixou de existir em nosso País. Os bancos públicos e a Petrobras tiveram um papel ativo na retomada do crescimento investindo no Brasil. A descoberta do pré-sal, a recuperação da indústria naval e um amplo programa de habitação popular tem gerado empregos e dinamizado a economia nacional. Muitos outros avanços aconteceram. Na educação superior, por exemplo, milhões de vagas foram criadas pela ampliação da rede pública, inclusive no Ceará, e pelas oportunidades abertas na rede privada, através do programa de bolsas (Prouni) e do financiamento a juros subsidiados (Fies), abrindo as portas da formação superior para os filhos das famílias de mais baixa renda”.

Crise sistêmica do capitalismo

O PCdoB ratifica, pela relação que tem mantido desde a primeira candidatura de Lula e prosseguindo com Dilma, a sua confiança na presidenta. “Este é um momento importante da luta do povo brasileiro e do mundo. Vivemos no Brasil uma agudização da crise do capitalismo. São crises cíclicas e sistêmicas, algumas restritas e de menor envergadura, outras de maior dimensão e de maior repercussão no planeta, como esta que estamos vivendo desde 2007, quando o sistema imobiliário americano quebrou”, contextualiza.

O presidente do PCdoB-CE ressalta ainda que, na crise, cada governo busca enfrentá-la de acordo com seus compromissos e o faz de forma diferenciada. “Países da Europa, como Portugal, Espanha, Grécia e Itália, entre outros, realizaram ajustes terríveis que penalizaram de forma acentuada os trabalhadores, com grande desemprego, redução de salários, demissão de servidores públicos, sacrifício de aposentados e assim por diante”.

No Brasil, acrescenta o comunista, as medidas iniciadas pelo então presidente Lula, “buscaram resistir à crise tentando atravessá-la sem que os trabalhadores e os mais humildes pagassem a conta. A receita recomendada pelo FMI, pelos grandes bancos e pela mídia vinculada aos interesses do mercado financeiro não vingou”. “Durante a última campanha presidencial, a oposição pintava um quadro de desastre do País e defendia um ajuste brutal para a economia que levaria o Brasil a uma recessão violenta com um elevado índice de desemprego. A presidente Dilma resistiu mas, sob o cerco da oposição e da mídia conservadora, acabou tomando algumas medidas que impactam negativamente o crescimento e o emprego. Ela tem acentuado, entretanto, que são medidas transitórias, de curto prazo, e que seus compromissos são com o desenvolvimento e a redução das desigualdades sociais e regionais”.

Luis Carlos Paes considera, porém, que a presidenta Dilma poderia ter convocado os movimentos sociais, os trabalhadores e empresários para discutir as dificuldades e as medidas que seriam necessárias. “Ao não fazê-lo, foi bombardeada pela mídia, perdeu apoio inclusive de parcela de sua base social e política. Hoje, aproveitando-se de uma situação de dificuldades econômicas passageiras e de um parlamento mais conservador, oriundo das últimas eleições, a oposição, de forma impatriótica e antidemocrática tenta forjar, através de vários artifícios, uma situação favorável a um impeachment da presidente da República, ou seja, um golpe contra a democracia”.

Segundo o dirigente comunista, esta tentativa de desestabilizar o governo não acontece só no Brasil. “Existe em vários outros países da América Latina, como Venezuela, Argentina, Equador, Chile, entre outros, que vêm tentando construir projetos de desenvolvimento soberanos que não se subordinem aos interesses do império americano e seus aliados na Europa e o Japão. É um clube conservador que não admite perder a influência e o controle sobre a América Latina e o Caribe”, avalia.

Ainda segundo o dirigente comunista, a crise no Brasil toma uma dimensão maior devido a forte influência do consórcio direitista que reúne, “além dos partidos oposicionistas como PSDB, DEM, PPS e SD, setores de partidos da base do Governo, e segmentos conservadores incrustados no Ministério Público, na Polícia Federal e no Judiciário”. “É um grupo poderoso e influente, que tem o poder do dinheiro e das comunicações, mas é minoritário na sociedade e pode ser derrotado mais uma vez”, considera.

“Tentam atacar a presidenta, via reprovação de suas contas no TCU, o que seria um tremendo absurdo, ou da reprovação de suas contas de campanha no TSE ou, ainda e por último, buscando descobrir alguma ligação da presidenta com a Operação Lava Jato. Na realidade, há quase dois anos tentam encontrar alguma coisa que ligue a presidenta aos escândalos da Petrobras e não conseguem. Essa operação, na realidade, não visa combater a corrupção, mas sim desgastar o Governo Dilma, o ex-presidente Lula e seu partido, o PT. Seu papel inicial era impedir a reeleição de Dilma. Não deu certo. Agora, querem desmoralizar a Petrobras e criar condições de privatizá-la e entregar o pré-sal para às petroleiras multinacionais. Trata-se de uma operação seletiva que foca apenas nos representantes do PT, deixando de investigar as ligações com a oposição de direita”, alerta.

“O povo está confuso porque continua sendo influenciado pela mídia, mas também não é burro e nem besta. Confrontado com a verdade, será capaz de se mobilizar e resistir a escalada golpista contra o País e a democracia”, enfatiza Luis Carlos.

O presidente estadual do PCdoB diz que a própria história do Brasil nos dá lições. “Esta turma que pressiona Dilma é a mesma que levou Getúlio ao suicídio. Eles não têm compromisso com a pátria nem com a democracia. Situações semelhantes já aconteceram em 1954, em 1961 e em 1964. Essa é uma experiência de nossa história, não podemos esquecer”.

Paes destaca a articulação do governador comunista Flavio Dino (PCdoB-MA), que assim como Brizola em 1961, vem se destacando na defesa da Constituição, da democracia e do mandato da presidenta Dilma. “É tarefa de todos os comunistas no nosso trabalho, no bairro onde moramos, nos movimentos sociais, no parlamento e nos governos onde atuamos, enfim em todos os espaços existentes. Neste momento, devemos centrar o foco de nossa ação na convocação do ato do dia 20 de agosto, em defesa da democracia, do Brasil, do desenvolvimento e do mandato da presidenta Dilma. E ela já está fazendo a parte dela, reunindo movimentos sociais, governadores e empresários, viajando e falando diretamente com o povo. Temos que fazer a nossa parte, mobilizando o povo nas ruas”, ratifica.

O dirigente comunista defende ainda que debates como o do Fórum Estadual dos Movimentos Sociais devam ser multiplicados nos sindicatos, associações, universidades, organizações de bases. “Devemos mobilizar para o dia 20. Vamos sair daqui com a ‘faca nos dentes’. Não podemos permitir o retrocesso no País. Precisamos estar muito atentos e partir para a ofensiva política”, defende.

E essa luta não se encerra com o dia 20 de agosto. Nossa atuação tem que continuar para que consigamos sensibilizar a opinião pública e pressionar o Congresso para avançar nas mudanças. Temos que impedir o golpe e mobilizar o povo por mais avanços e reformas que levem o País ao desenvolvimento com justiça social e mais direitos para os trabalhadores e todos que sofrem opressão na sociedade.

Encaminhamentos

A sétima reunião ordinária do Fórum Estadual de Movimentos Sociais delibera que o PCdoB-CE desenvolva amplo diálogo com partidos da base aliada, centrais sindicais, a intelectualidade progressista, gestores públicos, jovens, mulheres, negros, LGBTS, lideranças religiosas, enfim, todos e todas que, diante da ameaça golpista permanente, se levantam em defesa da democracia e da soberania nacional. “Esse é o momento de unir forças contra aqueles que querem derrotar a jovem democracia brasileira, vamos todos às ruas no dia 20”, ratifica Nagyla Drumond, secretária estadual de Movimentos Sociais.

Da redação local
(com a colaboração de Carolina Campos)