A situação dos jornalistas do Estado de São Paulo

Categoria enfrenta reajuste abaixo da inflação, práticas antissindicais e demissões em massa em plena Campanha Salarial

Jornaistas paulistas em assembleia

Os jornalistas de jornais e revista do interior e também da Capital, além da assessoria de imprensa estão em plena Campanha Salarial. A data base é 1º de junho. O Sindicato negocia com os 3 sindicatos patronais destes segmentos.

Já ocorreram três rodadas de negociações da Campanha Salarial de Jornais e Revistas da Capital, mas até agora não houve avanços. O eixo da campanha salarial é "defesa dos salários e dos empregos", e a proposta apresentada pelos patrões é a de reajuste em duas parcelas – uma em 2015 e outra 2016 – de 4,29%, frente a uma inflação acumulada em 8,76%. Uma nova rodada esta marcada para esta quinta-feira, dia 30.

Na negociação com o sindicato patronal do interior, foi oferecido reajuste de 4,5% em todos os salários, logo na primeira rodada de negociação. Este valor é abaixo do índice inflacionário do período. Além de nenhum reajuste nas cláusulas econômicas e nenhuma alteração nas demais cláusulas. Na avaliação do sindicato isto pe rebaixamento de salários.

Na assessoria de imprensa o sindicato patronal ainda não marcou a primeira rodada de negociação. O Sindicato deve protocolar nos próximos dias um pedido de mesa redonda.

Patrões usam práticas antisindicais e ameaças de demissões para desestimular Campanha Salarial.

Além de demissões que já ocorreram na capital, a situação tem se agravado no interior e litoral. O jornal A Tribuna, de Santos, demitiu jornalistas, entre eles, dois dirigentes sindicais. Para enfrentar a situação, o Sindicato realizou dois atos de protestos e impetrou no Tribunal uma ação de dissídio coletivo. Entretanto, o Sindicato já conquistou uma vitória, que é a empresa estar impedida de demitir até o julgamento.Por conta disso, o sindicato cancelou duas rodadas de negociação como forma de protesto. Uma rodada de negociação estava marcada para ocorrer hoje, dia 29.

No mesmo período, o Sindicato foi pego de surpresa com o anúncio de possíveis demissões na RAC – que edita os jornais Correio Popular, Notícias Já e o site RAC.com, em Campinas. A empresa chamou o Sindicato para negociar cerca de 15 demissões, o que representa quase 18% da redação, o que caracteriza demissão em massa, alegando dificuldades para manutenção do negócio e do emprego, devido ao momento econômico e às mudanças tecnológicas.

Logo no anuncio o sindicato registrou que é contra as demissões e que iria resistir e discutir formas de enfrentamento ao problema, juntamente com a categoria. Já ocorreram três rodadas de discussão entre a empresa e o sindicato, além de duas grandes assembleias com os jornalistas. Até agora não ocorreram as demissões, mas o clima de tensionamento e de ameaça de facão continuam. Há ainda informações que outras redações do interior também possam demitir.

A avaliação do Sindicato é de que uma leva de demissões em massa, em plena campanha salarial, atingindo diversas empresas, mostra uma disposição dos patrões para agravarem ainda mais as já precárias condições de trabalho da categoria. O desafio do Sindicato e da categoria é o de reagir a esta situação, por meio da organização, da ação coletiva e da pressão sobre as empresas. Para os jornalistas, é uma questão vital a defesa do valor do salário real e dos postos de trabalho, pois as redações já estão enxutas e a carga de trabalho, pesada

Por Márcia Quintanilha