Marcha das Margaridas é essencial para o empoderamento das mulheres

A secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, Ivânia Pereira, convoca as dirigentes da central e de instituições sindicais filiadas a contribuírem para a mobilização das mulheres do campo com objetivo de elevar a participação na 5ª Marcha das Margaridas que acontece nos dias 11 e 12 de agosto em Brasília. “As margaridas cumprem papel essencial na garantia de avanços nas políticas públicas em favor dos direitos a uma vida digna, sem o fantasma da violência, para todas”, garante a cetebista.

Material de divulgação da Marcha das Margaridas 2015 - CTB

Desde o início do ano estão ocorrendo marchas e mobilizações por estados e municípios, com a finalidade de demonstrar que as mulheres estão mobilizadas quando se trata do tema igualdade de gênero e respeito aos direitos humanos. Ela elenca conquistas das Marchas anteriores como as unidades móveis de combate à violência contra a mulher, que levam “informação, defensoria pública, atendimento à saúde, possibilidade de se tirar documentos, como a certidão de nascimento dos filhos e o enfrentamento de situações de agressão às mulheres”, reforça.

Outra conquista considerada fundamental para ela, é o Pronaf Mulher (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Mulher). “Antes dele, o investimento era destinado somente para quem possuía a titularidade da propriedade e assim as mulheres, depois de as margaridas reivindicarem foi criado o Pronaf Mulher e agora elas também recebem o financiamento para produzir”.

É com mobilização, organização e muita luta, segundo a bancária sergipana, que a vida de todos vem melhorando no campo. “Quando se melhora a vida das mulheres, tudo melhora na família e também na vida dos homens. Por isso temos a compreensão da necessidade de políticas que esclareçam melhor o papel da mulher na sociedade, mostrando que homens e mulheres juntos mudarão a realidade e construirão o novo”, defende. “Como está atualmente, estamos sobrecarregadas, com dificuldades até para o crescimento profissional”, reclama.

Ela cita como referência o Projeto Quintais Produtivos que consiste na possibilidade de as mulheres utilizarem os seus quintais para o cultivo. “Esse projeto mostra toda a capacidade da mulher que acaba produzindo mais do que a família consome. Então vende o excedente em feiras livres, cobrindo despesas domésticas”. Por isso, “nessa 5ª Marcha das Margaridas estamos defendendo que seja dado o devido valor aos trabalhos produzidos pelas mulheres do campo, das águas e da floresta”.

Somos todas margaridas

A primeira Marcha das Margaridas ocorreu em 2000 e seguiu com edições em 2003, 2007 e 2011. Tudo começou com o objetivo de chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas mulheres do campo. O nome nasceu da intenção de prestar homenagem à sindicalista Margarida Maria Alves, assassinada pelo latifúndio em 12 de agosto de 1983. Margarida foi presidenta do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Por isso, surgiu o lema “Somos Todas Margaridas”, simbolizando as mulheres guerreiras que enfrentam tudo para melhorar a vida das pessoas.

Neste ano, diz texto do Facebook da Marcha, “é fundamental reconhecer e potencializar a luta das mulheres pelo direito à terra por meio da Reforma Agrária e a garantia dos direitos territoriais dos povos indígenas e populações quilombolas, na defesa dos territórios das comunidades tradicionais, como algo estratégico na construção da agroecologia”.

A Marcha das Margaridas deste ano dividiu suas ações em oito eixos: 1) Soberania e segurança alimentar; 2) Terra, água e agroecologia; 3) Sociobiodiversidade e acesso a bens naturais; 4) Autonomia econômica, trabalho e renda; 5) Educação não sexista, educação sexual e sexualidade; 6) Violência sexista; 7) Direito à saúde e saúde reprodutiva e 8) Democracia, poder e participação.