Aparecidos Políticos mapeia locais sobre Ditadura Militar em Fortaleza

O Coletivo Aparecidos Politicos apresenta nesta terça-feira (28/07), um mapeamento sobre locais que ainda se referem à Ditadura Mlitar em Fortaleza. O projeto “Conexões Cartográficas da Memória”, fruto de cinco anos de pesquisa, identifica prédios, ruas e avenidas, praças e até escolas e creches que ainda homenageiam colaboradores de um dos períodos mais duros da história do país.

Cerca de 50 anos depois do início da Ditadura no Brasil e 30 anos depois do início do período de redemocratização, apesar da publicação do relatório final da Comissão da Verdade, que divulgou uma lista de agentes violadores e elencou recomendações para a prevenção de violações de direitos humanos, o país ainda conta com diversas homenagens e honrarias a colaboradores da Ditadura Militar. São torturadores, genocidas, gestores biônicos, empresários, dentre outros, que permanecem nomeando locais públicos, mostrando que a prática permanece enraizada. Só em Fortaleza, segundo o mapeamento, são mais de 35 espaços e equipamentos públicos que ainda remetem a tais pessoas. Locais como a Avenida Castelo Branco (Leste-Oeste) e as escolas Presidente Médici e Murilo Borges fazem parte deste mapeamento.

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Ao longo de cinco anos, com o andamento do projeto, que conta com fotos, vídeos e materiais impressos a serem distribuídos, gratuitamente, para escolas da rede pública de ensino, o Coletivo Aparecidos Políticos realizou uma série de intervenções urbanas na cidade Fortaleza, aplicando o rebatismo popular como metodologia, além de catalogar os espaços que prestam homenagens aos golpistas, elencando outros espaços que simbolizaram focos de resistência e de repressão em nossa cidade para, daí, reconstruir a memória política de Fortaleza.

O principal objetivo do Coletivo Aparecidos Políticos é reconstruir a memória política de Fortaleza, promovendo discussões sobre o tema da violência durante a Ditadura Militar. "É um assunto muito esquecido, nós não conhecemos a memória da cidade e isso pode ser perigoso, já que tratam-se de crimes cometidos nesses mesmos lugares”, explica Sabrina Araújo, mestre em Políticas Públicas e Sociedade e integrante do Coletivo.

De Fortaleza,
Carolina Campos