Aldo Rebelo: "Nordeste tem papel destacado no futuro do Brasil"

O Brasil precisa da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) para permanecer como uma das grandes economias do mundo e recuperar a competitividade, e o Nordeste terá papel destacado na consolidação da economia do futuro do Brasil. Essa foi a mensagem deixada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo no 4° Encontro dos Governadores do Nordeste, realizado no último final de semana, em Teresina (PI).

"O desafio do Brasil e do Nordeste em CT&I guarda uma relação direta com o desafio do desenvolvimento do País", afirmou o ministro Aldo Rebelo. "Eu creio que nós precisamos ter a nossa atenção voltada para o Nordeste, por causa das potencialidades que temos. Devemos apostar em ciência e tecnologia na região, pela sua capacidade de inovação. A primeira experiência de inovação no Brasil foi no Nordeste, com o açúcar", disse.

Durante sua fala, o ministro relatou as reuniões de que participou, acompanhando a presidenta Dilma Rousseff em agenda oficial de governo, nos Estados Unidos e na Rússia. Ele ressaltou que, apesar do ajuste econômico pelo qual o Brasil está passando, o cenário internacional é de otimismo.

"O que eu ouço são manifestações de otimismo, de confiança no Brasil, de todos os investidores. Em meio a toda essa crise que a mídia espalha sobre o Brasil, o País foi no ano passado o terceiro destino de investimentos estrangeiros. Mesmo a Índia tendo taxas de crescimentos elevadíssimas, o Brasil ainda atraiu mais investimentos", afirmou.

De acordo com ele, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o País também passou por instabilidade econômica. "Estamos num momento de ajustes da economia, mas é uma passagem, não é a primeira vez. No primeiro governo do presidente Lula, tivemos 18% de taxa de juros. Nós passamos por aquela situação e rapidamente retomamos o crescimento da economia", disse.

Nesse sentido, o ministro lembrou os investimentos anunciados pela China para a construção de uma ferrovia transoceânica, que permitirá que o País exporte minério de ferro para China pelo Oceano Pacífico. "Recentemente, o primeiro-ministro chinês anunciou investimentos de aproximadamente US$ 50 bilhões no País. Ano passado, o Brasil ficou com 40% de todo o investimento externo direto da América Latina", afirmou.

Investimentos e avanços

Sobre a responsabilidade do MCTI para o desenvolvimento regional e o crescimento econômico do Nordeste, Aldo chamou de "feliz iniciativa" a recente criação do Fórum dos Governantes do Nordeste para Ciência, Tecnologia e Inovação, em maio deste ano, durante reunião na sede do Ministério, em Brasília.

"Temos que destacar os avanços, um deles é a criação do Fórum dos Governadores do Nordeste para Ciência, Tecnologia e Inovação, que já realizou uma primeira reunião em Brasília. Isso já nos permite apontar uma plataforma comum para região, ou seja, quais são as ações e iniciativas que preenchem as reivindicações de todos os estados e, ao mesmo tempo, desenvolvermos plataformas para as especificidades de cada um dos nove estados da região", afirmou.

Ele ressaltou que, nos últimos anos, o sistema de ensino superior no Brasil e na Região Nordeste foi expandido, criando novas universidades, instituições de ensino superior, cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado, e com isso a responsabilidade do MCTI aumenta. "Em CT&I as nossas políticas públicas têm que estar relacionadas com as ações de outros ministérios. No nosso caso, com o Ministério da Educação, houve uma ampliação da oferta de vagas no ensino superior, da criação de novos cursos nas universidades brasileiras e no Nordeste e isso alimenta uma demanda e exigência que o Ministério tem que responder", disse.

Na área da agropecuária, o titular da Pasta afirmou que o Piauí é, hoje, uma "fronteira agropecuária" nacional e o setor também requer investimentos em CT&I. "Ao lado da Bahia, do Tocantins e Maranhão, o Piauí tornou-se uma fronteira agropecuária importante do Brasil. Essa frente exige investimentos em pesquisa, tecnologia e inovação. A agricultura do Brasil é uma agricultura de alta tecnologia, só assim ela consegue competir com a Europa e América do Norte", afirmou.

Aldo destacou ainda outros investimentos feitos pela Pasta em CT&I na Região Nordeste, como o Instituto Nacional do Semiárido (Insa), unidade de pesquisa do MCTI, localizado em Campina Grande (PB), e ações relacionadas a biocombustíveis e energia eólica. "Todo investimento tem que estar associado a um projeto de desenvolvimento regional e nacional. No Ceará, o MCTI inaugurou obra importante que é um centro de pesquisa e testes em fármacos que pretendemos também ampliar, temos investimentos em energia eólica e biomassa no Nordeste", disse.

Recursos

Aldo Rebelo defendeu a destinação de recursos do pré-sal para pesquisa e não somente à saúde e à educação. Além disso, o titular da Pasta propôs a inclusão de investimentos em CT&I no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com obras de infraestrutura física para instalação de bases de pesquisa.

Os ministros da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas; a secretária nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Minc, representando o ministro José Eduardo Cardozo; o secretário de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Alberto Lourenço, representando o ministro da SAE, Mangabeira Unger; e o governador do Piauí, Wellington Dias, também compuseram a mesa de abertura.

Os nove governadores da região Nordeste participaram do encontro, que teve por finalidade discutir novas perspectivas de desenvolvimento para o Nordeste, abordando assuntos relacionados à ciência e tecnologia, previdência social e segurança pública. "Nós consideramos que essa é mais uma reunião de trabalho que fazemos, ajustando a nossa plataforma para o desenvolvimento dos investimentos na região e cada um dos nossos estados", apontou o ministro Aldo Rebelo.

Wellington Dias mencionou a reunião que teve com o ministro este ano em Brasília para discutir os investimentos em CT&I no Piauí. "Tivemos o privilégio de ser recebido pelo ministro e sua equipe. A ideia é trabalharmos um novo regramento para que o Nordeste tenha uma participação maior na distribuição de recursos para a ciência, tecnologia e inovação", disse.

Está prevista a divulgação da "Carta de Teresina" assinada pelos governadores no final do evento.

Fonte: MCTI