CPI propõe medidas de enfrentamento à violência e ao racismo 

No último dia 15 de julho a CPI da Violência Contra Jovens Negros e Pobres aprovou o relatório final da comissão, que propõe a criação de políticas públicas de combate à violência racial. Em 248 páginas, o parecer apresenta um diagnóstico da situação de violência vivida por essa parcela da população e apresenta uma série de recomendações ao Poder Executivo, ao Ministério Público e ao Judiciário, além de defender a aprovação de propostas em tramitação no Congresso. 

CPI propõe medidas de enfrentamento à violência e ao racismo
O texto indica a criação de um plano nacional de enfrentamento ao homicídio de jovens. Com duração decenal, ele seria avaliado de quatro em quatro anos por um sistema de congressos com intensa participação popular.

Para o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), membro da comissão, o resultado foi extremamente positivo. “Nós estamos produzindo um instrumento importante de mobilização da nossa sociedade para enfrentamento da violência contra nossos jovens negros e pobres, e uma peça importantíssima que fundamenta o combate ao racismo na nossa sociedade”.

Medidas

O relatório prevê ainda a destinação de 2% da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para um fundo que financiaria políticas nessa área. O parecer afirma que os jovens negros no Brasil são vítimas de um verdadeiro genocídio. De acordo com o Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/DATASUS), mais da metade (53,3%) dos 52.198 mortos por homicídios em 2011 no Brasil eram jovens, dos quais 71,44% eram negros (pretos e pardos) e 93,03% do sexo masculino.

O Brasil, hoje, ocupa lugar de destaque no ranking dos países mais violentos do mundo, com 11 das 30 cidades mais violentas, de acordo com o “Estudo Global sobre Homicídios 2013”, desenvolvido pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, 2013). O documento aponta ainda que a taxa média de homicídios global é de 6,2 por 100 mil habitantes, sendo que a média na Europa é de 5 homicídios para cada 100 mil habitantes. Já no Brasil, a taxa média de homicídios está próxima de 30 vítimas para cada 100 mil pessoas, um dos indicadores mais altos do mundo.

Para combater a violência, uma das propostas contidas no relatório é a criação de um Plano Nacional de Combate ao Homicídio de Jovens. Com duração decenal, o plano seria avaliado de quatro em quatro anos por um sistema de congressos com intensa participação popular. Cada estado ou município também teria de elaborar seu respectivo plano.