A despeito do COB, Joanna Maranhão conquista o bronze em Toronto

A nadadora pernambucana Joanna Maranhão obteve nesta quarta-feira (15) a terceira colocação nos 200 metros nado borboleta nos jogos Pan-Americanos 2015, disputados na cidade de Toronto, no Canadá. A atleta foi motivo de crítica por parte de setores da direita brasileira após ter se manifestado, em vídeo, contra a aprovação pela Câmara dos Deputados da redução da maioridade penal, em manobra conduzida por Eduardo Cunha, presidente da Casa.

Joanna Maranhão

O Comitê Olímpico Brasileiro, em seguida à exibição do vídeo, afirmou à imprensa que é contra atletas se manifestarem durante a competição, o que configura uma censura velada. No entanto, tal atitude não foi tomada por nenhuma entidade esportiva brasileira no ano de 2013, durante as manifestações de junho, quando atletas de diferentes categorias vieram a público para criticar a presidenta da República, Dilma Rousseff.

Ao receber a medalha, Joanna disse que não mudará seu jeito. “Sobre isso (polêmica sobre a redução da maioridade penal) eu não vou falar. Mas não vou deixar de falar de política nunca porque é a minha parte. Não é porque minha opinião não é da maioria que eu não tenho o direito de expressar”, afirmou Joanna.

No vídeo, a atleta também revelou que viajaria para o Pan para defender as cores brasileiras, mas que não representaria “eleitores de Bolsonaro, Malafaia e Eduardo Cunha”.

Joanna sempre teve uma postura crítica, seja com a política nacional ou de sua modalidade, e inclusive chefia uma ONG de combate à pedofilia. O ato de censurar, mesmo que veladamente, qualquer atleta por se expressar politicamente é uma ameaça evidente à liberdade de expressão, garantida nas leis do país, e tal argumento foi usado pelas entidades, em junho de 2013, para que não se tomasse atitude alguma em relação aos atletas que criticassem as políticas do governo federal.