Oposição é impedida de usar Venezuela como palanque político 

“Predominou o pensamento equilibrado e espírito de respeito à soberania dos outros países”, disse a presidenta da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), ao final da votação, nesta quarta-feira (24), que rejeitou o requerimento do deputado Raul Jungmann (PPS-PE) para trazer o embaixador brasileiro na Venezuela, Rui Pereira, “para prestar esclarecimentos” sobre a visita de senadores da oposição à Venezuela.  

Oposição é impedida de usar Venezuela como palanque político - Agência Câmara

Na discussão, que durou mais de três horas, os parlamentares de esquerda criticaram a oposição de não ter preocupação com o respeito aos direitos humanos e desrespeitar a autodeterminação dos países. Com isso, eles conseguiram fazer com que o requerimento fosse retirado de pauta.

A tentativa da oposição, de obter “palanque político”, procurando criar fatos novos sobre a visita dos senadores à Venezuela, foi rechaçada pelos parlamentares do PCdoB, Psol, PT e PSB.

Para o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), “trazer o embaixador é só fazer fato político. Vai dar imprensa, mas não vai acrescentar nenhuma informação que não possa ser obtida a partir de um pedido de informação.”

Ele criticou a tentativa da oposição brasileira de fazer “a disputa política dos outros”, afirmando que “a direita brasileira está muito assanhada” ao se deslocar ao país vizinho para criar tensão política sob a desculpa de estar preocupado com violação dos direitos humanos na Venezuela, mas casos como o desaparecimento do pedreiro Amarildo não despertar interesse da direita.

O deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) também criticou a preocupação da direita com “as supostas violações de direitos humanos na Venezuela, quando temos diversos casos de violações dos direitos humanos no Brasil. O que diríamos se os venezuelanos viessem aqui para investigar essas violações? indagou, provocando o deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG) que, na ausência de Jungmann, defendia o requerimento:

“Vocês não tem interesse em visitar os presos de Guatánamo e conhecer a violação dos direitos humanos ocorridos lá?”

Questões internas

Para o deputado Chico Lopes, os parlamentares oposicionistas, na tentativa de manter o terceiro turno das eleições presidenciais, esquecem as questões internas, como a seca de cinco anos que vive o Nordeste, em referência a origem do estado de Jungmann, que é pernambucano.

O deputado Glauber Braga (PSB-RJ) também participou da discussão e, citando a Globo News, alertou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) havia declarado, no noticiário, que já podia voltar ao Brasil porque o objetivo já tinha sido cumprido, logo após o pequeno percurso na van saindo do aeroporto, em passagem pelas ruas de Caracas, quando foram abordados por manifestantes venezuelanos favoráveis ao governo.

Braga criticou o fato de que, apesar de declararem que a viagem era uma tentativa de mediação entre o governo e a oposição venezuelana, os senadores não tinham nenhum contato marcado, previamente, com organismos venezuelanos e nem com o governo. Para o parlamentar, não existe preocupação da oposição com os direitos humanos e a visita dos senadores oposicionistas à Venezuela representa um desrespeito a autodeterminação dos outros países.