Agricultura Familiar do Mercosul segue mais forte depois da Reaf

O sentimento de quem participou da construção da 23º Reaf do Mercosul, é que depois de quase uma semana de muitos debates e reflexões, a Agricultura Familiar segue mais forte e aguerrida.

Reaf em Basília - César Ramos

Para os representantes dos países presentes nessa 23ª Reaf (Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina e Venezuela). Convidados (Colômbia, Cuba e Bolívia), este é um espaço único que abriu um importante e necessário diálogo da sociedade com o Governo, e que resultou em várias proposições que fortalecem a agricultura familiar na perspectiva do combate à fome, à miséria e à pobreza.

Para o secretário de Relações Internacionais da Contag, William Clementino, um ponto muito positivo do encontro é o fato de que a rede de agricultores vai continuar avançando com a implementação de diretrizes voluntárias de governança da terra. Ele destacou ainda que a Reaf vai participar da 5º edição da Marcha das Margaridas.

“Destacamos também a realização dos Cursos de líderes Rurais, como um espaço que favoreceu ainda mais o debate. Retomamos o tema da água e os encaminhamentos para as sessões das questões relacionadas a agricultura familiar e assalariados rurais” , explicou William, que também é secretário de formação da Coprofam e vice-presidente da Contag.

A representante das Organizações Econômicas Campesinas Indígenas e Originárias da Bolívia, Adela Baltazar, pôde compartilhar com agricultores familiares de outros países as experiências de cultivo bastante diversificadas que são desenvolvidas no solo boliviano e também aprender com trabalhadores rurais.

“Nosso país tem uma produção muito diversa, temos (batata, banana, entre outros alimentos, que são produzidos nas várias partes climáticas do nosso país. Assim entendemos que espaços como a Reaf, abrem diálogo e fortalecem as propostas da sociedade civil junto às representações governamentais aqui presentes. Esperamos que os Governos que integram o Mercosul valorizem os agricultores familiares e implantem Políticas Públicas. Que garantam o nosso bem viver”, explicou Adela.

Adela ainda destacou a necessidade da preservação do saber popular próprio dos agricultores familiares. “Estamos discutindo o presente e o futuro. Reivindicamos que o Governo aplique políticas públicas para nos ajudar a manter nossa diversidade e preservação dos conhecimentos ancestrais das comunidades, levando em consideração a organização da juventude e das mulheres”, reforçou .

O dirigente da União Agrícola do Paraguai, Calixto Zarate, destacou a importância de os países da América Latina garantirem soberania alimentar e produção de alimentos saudáveis. Para ele, este processo passa por políticas públicas de governo capazes de garantirem qualidade de vida e condições de trabalho dignas aos agricultores familiares.

A Reaf foi uma longa reflexão acerca da importância da integração e da cooperação entre os países. Os agricultores chegaram à conclusão de que é possível construir um futuro mais justo e menos desigual e desenvolver uma agricultura baseada em princípios sustentáveis se os países estiverem dispostos a caminhar juntos com o mesmo objetivo.

“Há 20 anos construímos as Políticas Públicas para Agricultura familiar no Brasil. Nossa maior satisfação é poder contemplar hoje países da América do Sul e Caribe construindo conjuntamente com a gente", destacou a técnica do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, Sandra Regina.