Conteúdo nacional e modelo de partilha vieram para ficar, avisa Dilma

A presidenta Dilma Rousseff reafirmou a defesa do modelo de partilha adotado para a extração e produção de petróleo e gás na área do pré-sal. Em uma clara resposta aos entreguistas tucanos, Dilma afirmou que o modelo é adequado para uma área que produz abundância de petróleo de alta qualidade. “A sociedade brasileira, o povo brasileiro tem direito a ter uma parte relativa à distribuição do petróleo, a parte do leão [a maior e melhor parte] fica com o povo e a sociedade brasileira”, destacou.

Dilma Rousseff durante cerimônia de viagem inaugural do petroleiro André Rebouças da Transpetro em Pernambuco

A declaração da presidenta foi durante discurso na cerimônia de viagem inaugural do petroleiro André Rebouças, da Transpetro, nesta quinta-feira (14), no Complexo Portuário de Suape, em Pernambuco. O petroleiro tem capacidade de transportar 1 milhão de barris, o equivalente a 50% da produção de petroléo do país. Na mesma cerimônia, realizada no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Ipojuca, também foi batizado o petroleiro Marcílio Dias.

Durante o discurso, a presidenta fez questão de falar da diferença entre os regimes de partilha e de concessão, vigentes no Brasil para a exploração do petróleo na região do pré-sal. Ela salientou a importância de cada um desses sistemas quando se sabe a quantidade de petróleo em um determinado poço e quando não. “Ninguém pode achar, em sã consciência, que é um grande peso para uma empresa ter acesso privilegiado aonde tem muito petróleo e de boa qualidade. Isso acontece com a Petrobras no caso do modelo de partilha que, do ponto de vista desse governo, será mantido… No meu governo, conteúdo local e modelo de partilha estão mantidos", afirmou.

Tucanos como José Serra (PSDB-SP) e Aloysio Nunes têm defendido a mudança do modelo de partilha na exploração de petróleo da região do pré-sal para entregar ao capital estrangeiro. “Podem ter certeza, a política de conteúdo local veio para ficar”, avisou Dilma.

A presidenta também falou sobre o atual momento da Petrobras que enfrenta a crise gerada por conta de um esquema de corrupção envolvendo ex-diretores da estatal. “A Petrobras merece e a sociedade exige o fim de casos de corrupção na estatal”, afirmou Dilma.

“Vocês vejam o momento que a gente enfrenta, e temos de enfrentá-lo porque a Petrobras merece e a sociedade exige. Temos de enfrentar e acabar com todos os malfeitos, todas as atividades de uso indevido da empresa e todos os processos de corrupção, mas esta empresa é forte o suficiente, inclusive para ganhar o Oscar tecnológico, nos Estados Unidos”, disse a presidenta.

Dilma destacou também que o petroleiro inaugurado é resultado de uma política de reconstrução da indústria naval que começou durante o governo Lula e que, ao longo dos últimos anos, o Brasil “superou obstáculos” para conseguir construir os dois navios inaugurados nesta quinta em Pernambuco.

“Chegamos aqui hoje porque rompemos uma realidade de estagnação da indústria naval brasileira. A reimplantação da indústria naval no Brasil fez com que incorporássemos tecnologia, melhorássemos a formação dos nossos trabalhadores e gerássemos emprego e renda. O que nós queremos é produzir no Brasil o que pode ser produzido no Brasil”, resgatou.

E completou: “E nós começamos a construir a indústria naval do nada, porque tinham sucateado o parque que havia. E isso permitiu uma coisa importante, permitiu que uma decisão estratégica fosse tomada: a indústria naval não ia ser concentrada em um só lugar, beneficiando não só uma região do país", disse.

A presidenta afirmou que agora o Brasil produz navios com alto valor agregado e destacou a capacidade de produção do povo brasileiro. “Esse estaleiro foi construído com a força dos trabalhadores pernambucanos”, pontuou.