Thiago Cassis: Bixiga 70, para ouvir, sentir e dançar!

E eis que eles estão de volta! Com seus poderosos metais, suas guitarras ritmadas, teclados farfisa, em uma rica combinação de elementos e texturas. Acaba de ser lançado o álbum Bixiga 70 III, da banda paulistana de mesmo nome.

Por Thiago Cassis*, especial para o Vermelho

Bixiga 70 - Divulgação

Dub e Reggae, lembranças de Fela Kuti que aparecem e se desfazem com um novo caminho percorrido, que se desmancham com uma nova harmonia, e aqui e ali a máquina sonora nos apresenta outras referências: cúmbia, carimbó e muita influência afro-brasileira, África que está representada inclusive na estética da capa do novo disco.

A cada música uma nova atmosfera. Canções para apertar play quando sair de casa e observar São Paulo com essa trilha sonora que representa tão bem suas esquinas, sua mistura de ritmos e origens. Das baladas da Augusta aos bares sujos e padarias com pôsteres de quando a Portuguesa ainda chegava na final; do Largo da Batata e seus novos frequentadores modernos misturados com as festas de forró que ainda existem ali à música caribenha que vaza pelas janelas das habitações de haitianos na Rua Lavapés; ou então, quem sabe a faixa de abertura, “Ventania”, não te transporte para os cheiros e sabores da feira boliviana da Praça Kantuta!

Quando pergunto para o músico e compositor do Bixiga 70, Maurício Fleury, sobre que lugares da cidade as músicas da banda podem nos remeter, a resposta nos leva ao outro lado do Atlântico, “tudo que a gente faz remete ao bairro do Bixiga e o local onde a banda se formou e sempre ensaiou, que é o estúdio Traquitana, na 13 de maio. Neste disco, a gente homenageia a rua na música "100% 13", no anterior, tem as "5 esquinas", que ficam ali do lado do estúdio. Mas ao mesmo tempo, depois de diversas viagens juntos, vão aparecendo impressões de outros lugares, como é o caso da faixa "Lembe", que traz uma atmosfera do Marrocos, onde a gente tocou no ano passado”.

E para pegar carona nas músicas citadas pelo músico, é impossível ficar parado ao som de “100% 13”. Ou não se deixar levar pela batida hipnótica de “Lembe”.


Capa do disco Bixiga 70 III, terceiro álbum da banda 

Ao chegar na última faixa, “Pancadas”, nossos ouvidos experimentaram uma rica jornada de texturas e sons. Sobre o processo de criação da banda para este disco, Maurício, que nos atendeu no meio dos preparativos para o show desta sexta-feira (24) a noite em Brasília, conta que os músicos sempre conversam sobre todos os aspectos do que fazem, segundo ele “o processo desse disco foi um passo adiante dos outros porque a gente se preocupou mais em deixar as ideias fluírem, chega uma hora em que rola uma sintonia a ponto de não precisar debater tanto. Nós sempre ouvimos som juntos, na estrada ou nos ensaios, às vezes acabamos usando uma referência mais direta e consciente, mas quando é assim, a gente não fica mais discutindo, melhor testar logo a ideia e buscar algo que soe bem pros 10 integrantes, gravar, e no próximo ensaio, a gente vê se prestou ou não.”

O site de banda disponibiliza o disco na íntegra de forma gratuita para ouvir e para baixar (aqui). O álbum em formato físico também pode ser encontrado, inclusive em vinil. Na página também podemos acompanhar as próximas apresentações ao vivo do Bixiga 70.

Corre lá (que na verdade é aqui) pra ver quando a máquina de sons e ritmos passa pela tua cidade!

*Thiago Cassis é jornalista, assessor de comunicação da UJS e colaborador do Vermelho