Adílson: Paralisações ampliam força das centrais contra terceirização

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adílson Araújo, avalia que o Dia Nacional de Paralisações contra a Terceirização, que acontece nesta quarta-feira (15) em todo o país, é um passo importante no fortalecimento da luta em defesa dos direitos trabalhistas e pela continuidade do ciclo mudancista.

Adilson Araújo na manifestação - Mariana Serafini

“O Dia Nacional de Paralisações está numa crescente. Em vários estados a movimentação aumentou em torno do repúdio à aprovação do Projeto de Lei 4.330, moblizando centenas de trabalhadores com atos e manifestações pelas ruas, praças e em empresas do setor público e privado. Isso tudo vai fortalecendo o ímpeto da classe trabalhadora contra esse ranço conservador do atual Congresso Nacional, que tenta impor uma pauta regressiva contra os trabalhadores”, enfatizou Adílson Araújo.

O sindicalista destaca que a classe trabalhadora não pode “apoiar um projeto que prevê redução de salários, corte de benefícios, aumento da incidência de doenças ocupacionais e precarização do trabalho”. Por esse motivo, afirma Adílson, “a mobilização tende a crescer nos próximos dias”.

Pressão das bases

O presidente da CTB destacou que a crescente mobilização contra a terceirização tem provocado reflexos positivos entre as centrais sindicais que ensaiaram apoio ou nos casos em que a cúpula defendia abertamente a aprovação do projeto. “As lideranças estão sendo pressionadas pelas bases. Isso revela que o sindicalismo cupulista é algo prejudicial. Sindicalismo de cúpula contraria o sindicalismo de chão de fábrica”, disse Adílson.

Um dos casos que revelou essa situação foi do diretor José Barros da Silva Neto, do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, filiado à Força Sindical. Segundo nota publicada no jornal Guarulhos Hoje, Barros, como é conhecido, decidiu deixar a presidência do diretório municipal do Solidariedade, por entender que a votação em bloco do partido a favor da terceirização conflita com a sua posição de metalúrgico e dirigente sindical.

O relator do PL 4.330 é o deputado Arthur Maia, do Solidariedade da Bahia, que defendeu a aprovação do projeto. A legenda é comandada pelo deputado federal Paulinho da Força, um dos principais defensores da terceirização na Câmara.

Repulsa

Adilson, da CTB, destacou também que as manifestações marcam o repúdio à decisão da Câmara dos Deputados e, particularmente, a postura do presidente da Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, segundo ele, “tenta criar um clima de repulsa a toda e qualquer possibilidade de continuidade do ciclo mudancista e de uma justa política de valorização do trabalho”.

Sobre a tramitação do projeto no Senado, Adilson espera que a casa amplie o espaço de debate sobre o projeto. “Renan Calheiros reforçou que no Senado será diferente. Isso nos dá um ânimo”, disse Adílson, afirmando que espera que os trabalhadores possam apresentar a ameaça que representa o projeto.

“Trata-se de um conjunto de prejuízos para a classe trabalhadora. Vamos perseverar nesse caminho de cobrar que a atitude do Senado seja diferente da Câmara, já que esse projeto lesa os interesses da nação”, pontuou.

Adílson destacou que o movimento sindical reforçou a necessidade de um projeto que separe o joio do trigo. “O problema do projeto está na sua essência. É necessário regulamentar os 12 milhões de trabalhadores terceirizados, mas não poderíamos migrar para aqueles que são efetivos”, ressaltou.

Ele afirma que o projeto aprovado pela Câmara abre uma verdadeira porteira para que o negociado prevaleça sobre o legislado, ou seja, as garantias trabalhistas ficam à mercê da escolha dos patrões, deixando de ser um dever das empresas.

“Evidentemente que a empresa vai fazer a opção pelo contrato mais barato para o seu bolso. Alguém acredita que o patrão que terá o direito constitucional de contratar mais barato e eliminar direitos, vai contratar pelo valor mais justo? Só quem acredita em papai Noel pode achar isso”, refutou Adílson.

Por Dayane Santos, do Portal Vermelho