Sábado Resistente debate mídia, ditadura e democratização da mídia

O Sábado Resistente desta semana (18) ocorrerá no Memorial da Resistência de São Paulo, das 14 horas às 17h30 e debaterá o apoio da imprensa ao golpe de 1964, a censura, o papel dos jornais alternativos no combate à ditadura e a democratização da comunicação como requisito para o fortalecimento da democracia no Brasil.

sábado resistente 18/4

A grande imprensa contribuiu para a desestabilização do governo de João Goulart e saudou o golpe de 1964 como sendo “a revolução que salvou o país do comunismo”. Apenas os jornais Diário Carioca e Última Hora, a Rádio Marconi e a TV Excelsior se opuseram ao golpe. Todos foram fechados pelos militares.

O endurecimento do regime levou os diários O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde e a revista Veja – criada e dirigida à época pelo jornalista Mino Carta – a desafiarem a autocensura imposta pelos militares. Por causa disso, foram as únicas publicações obrigadas a conviver com censores nas redações e a terem matérias integralmente proibidas. Para denunciar a arbitrariedade, O Estado de S.Paulo publicou poemas de Camões; o Jornal da Tarde receitas de bolos; e Veja, ilustrações de anjos e demônios.

Nos anos de resistência foram lancados cerca de 170 jornais de oposição à ditadura, dos quais O Pasquim, Opinião, Movimento, Em Tempo, Versus e Coojornal foram as experiências de maior impacto e duração. A lista de 233 torturadores do regime foi publicada por Em Tempo, cujas sedes em São Paulo e Belo Horizonte foram atingidas por atentados assumidos por grupos de ultradireita.

O fim da censura, em 1979, e o definhamento do regime nos anos seguintes abriram espaço para um período de avanços na comunicação, com denúncias sobre crimes do Estado autoritário e o aparecimento de uma pujante imprensa sindical e comunitária, além do lançamento de jornais de partidos políticos ainda mantidos na ilegalidade.

Trinta anos depois do fim da ditadura, o debate sobre o direito de acesso à informação, o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014) e a democratização da mídia fazem parte da agenda política do país como requisitos para a construção de uma sociedade mais equitativa e efetivamente democrática.

Programação

14 horas – Boas vindas
Kátia Felipini Neves (Memorial da Resistência de São Paulo)
Milton Bellintani (Núcleo de Preservação da Memória Política)

14h15 Mesa
Armando Sartori (Editor da revista Retrato do Brasil, editor do histórico jornal Movimento, de oposição à ditadura)
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (representante)
Rodrigo Vianna (autor do blog Escrevinhador)

16h30 Conversa com o público

Serviço:
Memorial da Resistência de São Paulo
Data: 18/4/2015 – 14 horas às 17h30
Largo General Osório 66 – Luz, São Paulo / SP
Auditório Vitae – 5º andar

Fonte: Núcleo Memória