Missão humanitária brasileira não consegue acesso à Faixa de Gaza

A Missão Humanitária à Faixa de Gaza, formada por 13 brasileiros, não conseguiu chegar ao local desejado – estreita faixa de terra palestina, localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, entre Israel e Egito. O grupo não teve autorização do governo de Israel para ingressar em território palestino.

Gaza - AFP

Segundo mensagem enviada à Embaixada Brasileira na Palestina, pelo governo de Israel, não houve tempo hábil "para conduzir todos os procedimentos de averiguação e segurança dos integrantes da missão". O governo de Israel, que controla a entrada e saída de pessoas do território ocupado da Palestina, sugeriu que a missão estudasse a possibilidade de acessar Gaza a partir do dia 12 de abril.

"O ruim é que a resposta não determina um prazo. Nada garante que conseguiremos entrar no dia 12, mas só a partir daí [poderemos tentar]. Mas pode ser em uma semana, um mês, um ano", ponderou Leonado Vieira, integrante do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial e um dos coordenadores da missão.

Diante disso, o grupo estudou a viabilidade de ir ao CheckPoint de Erez, o único que dá acesso à Faixa de Gaza, a partir de Israel. Em toda a Palestina existem mais de 500 checkpoints (barreiras de controle de documentos) equipados com aparelhos de raio X e detectores de metais. Para que os palestinos possam entrar nas cidades e depois deixar as localidades, é preciso que apresentem documentos nesses postos. A exigencia vale para crianças em idade escolar, idosos, gestantes e aos que estão doentes. Diariamente, as pessoas chegam a perder até cinco horas só para atravessar as barreiras de segurança. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2008, 69 partos foram feitos nos checkpoints.

Os integrantes da missão foram dissuadidos pelo embaixador do Brasil na Palestina, Paulo França, que se mostrou preocupado com a segurança do grupo. A Embaixada do Brasil em Israel também mostrou preocupação com a proposta. Em reunião com os representantes do governo brasileiro em Ramalah, Rita Freire – que faz parte da missão e também integra o Conselho Internacional do Fórum Social Mundial – informou que apesar das atividades terem sido concluídas na Palestina, a missão humanitária segue em aberto. "Não chegamos à [Faixa de] Gaza, mas isso não significa que a missão terminou. Vamos seguir tentando". Para os ativistas que integram a missão, a dificuldade de acesso ao território é um exemplo de como as restrições de liberdade afetam o povo palestino.

Fonte: Agência Brasil