Pontos de Cultura são destaque em debate no Fórum Social Mundial    

Na perspectiva do avanço do diálogo com os movimentos sociais e ativistas, a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC), Ivana Bentes, participa do Fórum Social Mundial, que acontece em Túnis na Tunísia, entre estes dias 24 e 28 de março.

 

 

Ivana Bentes - Mídia Ninja

Na manhã desta quarta-feira (25), a secretária participou da primeira atividade da Casa Brasil – espaço de debates e atividades dos movimentos sociais e organizações do país. A mesa sobre participação social foi composta por Jeferson Miola, assessor internacional da Secretaria Geral da Presidência da República, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos e José Barbosa, gerente de relações comunitárias do programa de responsabilidade social da Petrobras.

A discussão levantou as experiências e avanços do Brasil no âmbito da participação social. Foram comentadas não só as propostas governamentais, como também as iniciativas da sociedade civil para incidir direta e indiretamente nas tomadas de decisão do Estado.

Exemplos como a mobilização popular durante as jornadas de junho, o Orçamento Participativo de Porto Alegre, as manifestações pela defesa do petróleo no Brasil, entre outros, foram usados para apresentar o amplo leque de iniciativas já realizadas.

Primeira a falar, Ivana Bentes apresentou as experiências e perspectivas do MinC e da SCDC, que pretendem expandir a incidência da sociedade civil e dos movimentos sociopolíticos na gestão do Ministério.

O Cultura Viva foi apresentado como projeto que proporcionou a inclusão social e cidadã de milhares de pessoas a partir da cultura. "Hoje as pessoas não se contentam apenas com a participação via voto, estamos fazendo uma experiência de cogestão com as redes. Queremos experiências de democracia em tempo real, em que todos nós arbitramos, deliberamos e decidimos os rumos e as pautas que achamos prioritárias", afirmou Bentes ao propor a integração entre Estado, ruas e redes.

Miola traçou o histórico sobre a importante influência do Brasil na criação e construção do Fórum Social Mundial e, também, dos projetos desenvolvidos pelo governo para a participação social.

"O Brasil, a partir de 2003, iniciou um ciclo importante de mudanças. Tivemos um conjunto de conquistas civilizatórias como a ampliação da porosidade do Estado com uma estrutura de participação social que é referência em todo o mundo", afirmou Miola ao enumerar os conselhos temáticos, que são mais de 40 hoje, as mesas de negociação e diálogo, as conferências e o Plano Nacional de Participação Social. "Avançamos consideravelmente nesse campo. De 1941 a 2002 foram realizadas apenas 41 conferências temáticas, já de 2003 a 2014 foram 103 que envolveram mais de oito milhões de pessoas, quase uma Tunísia inteira", disse.

Barbosa pontuou a importância da mobilização dos movimentos e setores populares para a defesa da Petrobras e da reafirmação dos projetos estruturantes desenvolvidos pela estatal.

O debate trouxe luz à pauta da democratização da comunicação e a necessidade de valorização das iniciativas de mídia livre e jornalismo independente. Segundo Ivana, "A sociedade brasileira não vai esperar a democratização da mídia, estamos vendo a estruturação da nova grande mídia, quem vai fazer essa nova comunicação é a mídia índio, a mídia ninja, a mídia quilombola, a mídia dos movimentos sociais".

Os Pontos de Cultura foram citados por Boaventura como um dos projetos revolucionários dos últimos anos, e talvez um dos poucos capazes de enfrentar a crise de representatividade em curso. "O pré-sal do Brasil não é o petróleo, é a cultura" afirmou a secretária, convidando todos para um novo espaço de debate, que será organizado na sexta-feira (27) para criar um canal direto da SCDC com os movimentos brasileiros presentes no Fórum Social Mundial.

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Fonte: MinC