Cid Gomes deixa Ministério da Educação

Cid Gomes pediu demissão na última quarta-feira (18/03), após abandonar o Plenário da Câmara, onde participava de Comissão Geral para explicar sua declaração sobre parlamentares.

O agora ex-ministro da Educação disse que sua decisão tem “caráter irrevogável” porque não queria criar constrangimento à base aliada do governo da presidenta Dilma Rousseff. "A minha declaração, e mais do que ela, a forma como eu coloquei minha posição na Câmara, cria dificuldades para a base do governo. Portanto, não quis criar nenhum constrangimento. Pedi demissão em caráter irrevogável, agradecendo a ela [Dilma]", afirmou.

Cid apresentou ao pedido da demissão à Dilma em uma rápida reunião no Palácio do Planalto. Ele encontrou a presidenta após sair da Câmara dos Deputados, onde esteve para responder a questionamentos sobre declaração feita por ele de que há, no Congresso Nacional, “400 ou 300 achacadores”. A afirmação foi feita em Belém, no dia 27 de fevereiro, durante uma visita à Universidade Federal do Pará, quando Cid Gomes reuniu-se com professores e reitores de universidades federais.

Aos deputados, Cid disse que a declaração é uma opinião pessoal e que a mantém. “A situação em que eu me encontrei, sendo convocado pela Câmara para questionar a especulação que eu tinha feito em reservado […]. Eu não podia agir diferente, senão confirmar aquilo que disse, que penso pessoalmente", declarou, ao sair do palácio.

O ex-ministro disse que estava entusiasmado com o trabalho no Ministério da Educação e que chegou a visitar seis estados em pouco mais de dois meses à frente da pasta. “Estou feliz, eu lamento pela educação no Brasil, porque tem muito o que fazer, estava entusiasmado. Para mim, cargo é ferramenta, é oportunidade de servir as pessoas. Enfim, a conjuntura política impede a minha presença no governo.”

Cid Gomes defendeu a presidenta Dilma e disse que ela tem condições de superar a crise pela qual passa o país. “A meu juízo, ela tem as qualidades que são necessárias. Tem muito discurso de oposição, tem muita gente que fala em corrupção. Isso parece ser uma coisa intrínseca ao governo, mas o que a Dilma está fazendo é exatamente limpar o governo de corrupção que aconteceu no passado. Isso é que ela está fazendo, é por isso que a gente vive uma crise hoje."

"Quem demitiu esse Paulo Roberto, esse Renato Duque [ex-diretores da Petrobras, investigados de participarem de esquema de desvios de recursos na estatal] foi ela [Dilma]. Então, essa crise que exponencializa a corrupção é uma crise anterior a ela. Ao contrário, como é séria, ela está limpando, e não está permitindo isso. É isso que fragiliza a sua relação com boa parte dos partidos que querem isso”, acrescentou.

Segundo o ex-ministro, o Congresso é fundamental para a democracia, mas se transformou em um “antipoder” por causa da atual composição.

Fonte: Agência Brasil