Livro "Cuba, hoje" debate as transformações da ilha revolucionária

Depoimentos e reportagens exclusivos compõem o livro “Pequenas Histórias – Cuba, hoje – Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo?” [2015], a ser lançado no mercado editorial brasileiro, de autoria do jornalista e sociólogo Renato Dias. Em Cuba, Dias, pesquisou documentos e, sobretudo ouviu a gente da Ilha, personalidades e intelectuais que pensam as suas transformações ao longo do tempo.

O livro traz olhares de vários espectros, desde os que apoiam aos que criticam a revolução cubana. Ele avalia o impacto das reformas econômicas executadas pelo Presidente Raúl Castro, o surto de empreendedorismo em andamento, além de produzir análises sobre o reatamento das relações com os EUA. "O reatamento de relações diplomáticas com os EUA possui significado histórico", aponta Renato Dias.

Muitas das opiniões divergem, outras se complementam, antecipa o autor. A obra reúne, assim, o debate latente hoje sobre Cuba ante as transformações operadas na Ilha desde 2006, quando o presidente Raúl Castro iniciou uma série de reformas. Com reportagens exclusivas, explica Dias, o leitor poderá acompanhar o impacto dessas transformações, além de captar o cotidiano da Ilha e de sua gente por meio das belas e inéditas imagens captadas pela lente brilhante da fotógrafa e jornalista Juliana Dias Diniz.

O livro conta, por exemplo, a história da médica Beylin Solán e do economista Gerardo Fernandes que montaram um ‘paladar’ em Havana com faturamento mensal de 4.000 pesos nacionais por mês. “Eles são o exemplo dos ‘cuentapropistas’ que entraram em cena após a liberalização de setores da economia planificada da pequena ilha do caribe”, aponta.

“Fidel Castro és único!” Assim dispara o taxista Raoul Carmenade. Segundo ele, a economia desandou pós-reformas econômicas de Raúl Castro. Apesar disso, como taxista, empreendedor individual, ele ganha com o seu velho Lada, tradicional carro fabricado na ex-URSS, desmontada em 25 de dezembro de 1991, quase o quíntuplo da média dos cubanos.

Cuba, uma revolução em debate

Plural, mas com um viés de esquerda, a obra, de 2015, traz entrevistas especiais com personalidades e intelectuais. Entre eles, o escritor Leonardo Padura Fuentes, autor de “O Homem que amava os cachorros”, assim como a blogueira dissidente Yoani Sánchez, além de Daniel Aarão Reis, Lincoln Secco, Breno Altman, Lourival Sant´Anna e de Hideyo Saito que escreveu Cuba Sem Bloqueio.

“Cuba é socialismo com economia de mercado”

O jornalista e sociólogo e mestre em Relações Internacionais e Desenvolvimento, Renato Dias, 47 anos, de Goiânia, Goiás, acredita que a pequena ilha do Caribe possui um regime socialista com economia de mercado. Em entrevista, Renato Dias abordou diversos temas sobre o livro, entre eles o significado do reatamento das relações diplomáticas entre EUA e Cuba. "53 anos depois, ele possui um significado histórico. O bloqueio econômico estabelecido pelos Estados Unidos teve um impacto devastador para a economia da ilha de apenas 11,2 milhões de habitantes. Barack Obama, apesar de não possuir maioria no Congresso dos EUA, acerta. Raúl Castro e Fidel Castro sinalizam que o acordo deve ser celebrado. Tanto Cuba quanto os EUA saem ganhando".

Em relação a como pode ser conceituado o regime político cubano e a sua longevidade, Renato Dias responde que "Cuba, hoje, guardadas as devidas proporções históricas e geopolíticas, assemelha-se à China: economia de mercado, intervenção estatal e monopólio do poder político pelo Partido Comunista de Cuba. Apenas a repressão política não explica a manutenção de um regime político que em 1º de janeiro de 2015 completou 56 anos. Pensador italiano, Antônio Gramsci apontaria consenso, consentimento e legitimidade. As políticas públicas para as áreas de Saúde e Educação e a ampla rede de proteção social talvez poderiam complementar a resposta."

Renato Dias confirmou sua ida Cuba e falou sobre o tempo que levou para fazer o livro. "Sim. Entrevistei dezenas de pessoas. Pesquisei documentos oficiais. Andei pelas cidades. Da ideia original à saída da gráfica, três anos."

Quanto ao porque a venda apenas pela internet, bem humorado ele disse "Desobediência civil (Risos). Um protesto contra o monopólio da venda pelas grandes livrarias e as editoras de porte, que não valorizam os novos escritores. Eu sei que será um trabalho de formiguinha. Mas deu certo com meus livros anteriores: “Luta Armada/ALN-Molipo As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz” (2012) e “História – Para além do jornal – Um repórter exuma esqueletos da ditadura civil e militar” (2013)."

Perfil do autor

Renato Dias é jornalista (Alfa), sociólogo (UFG), mestre em Direito e Relações Internacionais (PUC-GO) e autor de “Luta Armada/ALN-Molipo As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz” (2012), e de “História – Para além do jornal – Um repórter exuma esqueletos da ditadura civil e militar” (2013).

Repórter especial de Goiânia, ele é especialista ainda em ditadura Diário da Manhã civil e militar [1964-1985], esquerdas e socialismos. O autor lançará, depois do carnaval, no mercado editorial, o livro 'Pequenas histórias – Cuba, hoje – Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo?'

Ele programa para o mês de maio, de 2015, o lançamento de ‘O menino que a ditadura matou – VAR-Palmares, desaparecimento e o desespero de uma mãe’ A obra conta a história do seu irmão, o desaparecido político Marcos Antônio Dias Batista, da VAR-Palmares, de apenas 15 anos de idade.

O escritor quer lançar, dia 10 de dezembro, “Transição sem Justiça – Uma análise da passagem da ditadura civil e militar no Brasil para a democracia em comparação com os paí¬ses do Cone-Sul, Europa e África do Sul”. Renato Dias escreve ainda livro sobre o que pensam os trotskistas, hoje, no Brasil.

Livro

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Com informações da rededemocratica.org e do próprio autor.