Boko Haram quer impedir eleições na Nigéria

O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, prometeu impedir a realização das eleições de 28 de março na Nigéria, em novo vídeo divulgado nessa terça-feira (17), após dois atentados suicidas no Nordeste do país, atribuídos ao grupo, que deixaram 38 mortos.

Boko Haram - OSBC

“Esta eleição não se realizará mesmo que nós sejamos mortos. Mesmo que não estejamos vivos, Alá nunca permitirá vocês de fazê-las”, disse Abubakar Shekau, no primeiro vídeo divulgado pelo grupo islâmico radical na rede social Twitter, sinal de uma mudança de estratégia na comunicação.

A comissão eleitoral anunciou, em 8 de fevereiro, o adiamento das eleições presidenciais e legislativas nigerianas por seis semanas, para 28 de março, devido a ataques do Boko Haram no Nordeste do país e a dificuldades logísticas.

Shekau reivindicou também o ataque do fim de semana contra Gombe, capital regional no Nordeste do território, que os militares afirmam ter sido repelido.

O líder radical reivindica, pelo contrário, a vitória, afirmando que os seus combatentes venceram o Exército e libertaram rebeldes aprisionados.

Mais de 40 pessoas morreram na terça-feira na Nigéria em violentos combates e vários atentados, sobretudo no Nordeste do país, região sob constante ameaça dos islamitas do Boko Haram, mas também no Sul, até agora poupado pela violência pré-eleitoral.

Apesar das ameaças do líder do Boko Haram, os especialistas duvidam que o grupo islâmico consiga impedir a realização das eleições em todo o território. Em contrapartida, a votação poderá ser inviabilizada em parte do Nordeste do país, reduto do Boko Haram.

O Exército nigeriano afirmou, nesta quarta-feira (18), que matou mais de 300 combatentes do Boko Haram na retomada esta semana da cidade de Monguno, no estado de Borno, no Nordeste do país, que tinha sido tomada pelos jihadistas em 25 de janeiro.

“Mais de 300 terroristas foram mortos e alguns foram capturados” pelo Exército, que registrou nas suas fileiras dois mortos e dez feridos, declarou o porta-voz do Ministério da Defesa, Chris Olukolade, em comunicado.

Olukolade disse que a operação de dois dias para libertar Monguno e dez outras comunidades destruiu um esconderijo de equipamento, armas e munições, onde foram encontrados diferentes tipos de veículos blindados de combate, uma arma antiaérea, metralhadoras, cinco lança-granadas e 45 caixas de munições.

Monguno está localizada a 125 quilômetros ao Norte de Maiduguri (capital do estado de Borno), considerada pelos jihadistas uma peça-chave para a constituição do estado islâmico que pretendem implantar no Norte da Nigéria, majoritariamente muçulmano, ao contrário do Sul, de maioria cristã.

Foi em Maiduguri que nasceu em 2002 o movimento extremista Boko Haram, naquela altura uma seita, que em 2009 se transformou num grupo islamita armado, responsável até agora por 13 mil mortos e 1,5 milhão de deslocados na Nigéria.

Com informações da Agência Brasil