Bienal da UNE: Ensino das artes nas escolas ainda é negligenciado

Nesta quarta (4), a 9ª edição da Bienal da UNE debateu ensino das artes nas escolas. Os palestrantes, Marcia Feijó, professora da Faculdade e Escola de Dança Angel Vianna; Ernesto Valença, professor da Universidade Federal de Ouro Preto e fundador do Cuca, e Ermelinda Paz Zanini, livre docente em percepção Musical pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) concordaram que, apesar de ser obrigatória, a educação artística nas escolas ainda é negligenciada pelo sistema escolar. 

A professora de música aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) Ermelinda Paz Zanini lembra que o ensino obrigatório de música foi incluído nos currículos escolares nos anos 1960, mas em todas as mudanças de legislação, como as ocorridas nos anos 1980 e depois em 2008, a lei veio primeiro do que a estrutura escolar e a formação de docentes, que até hoje não está satisfatória.

"A Lei 11.769/2008 prevê que tínhamos três anos para colocar o ensino obrigatório da música nas escolas. E vocês perguntam: implementou? Daí a gente começa a levantar os problemas. Então, é importante dizer que as leis vieram sempre antes das providências que deveriam ser tomadas para a sua implementação".

A professora de dança da Faculdade Angel Vianna, Márcia Feijó, acrescentou que ainda há muita dificuldade para levar o licenciado em artes para dentro das escolas, pois não há contingente de formados o suficiente nem de concursos para suprir a necessidade de professores de linguagens específicas. Para ela, é preciso ampliar o diálogo entre cultura e educação, para que a linguagem corporal possa contribuir mais sistematicamente na aprendizagem.

"No Brasil há registro pré-histórico do dançar por dançar, não está ligado a nenhum ritual. É muito interessante ver que o corpo brasileiro é dançante e, na escola, o professor tem que convencer o aluno de que dança é para todos. Então, quando a gente vê todas essas leis colocadas e essa necessidade de a cultura ser levada à escola, digo que a gente precisa fazer um diálogo entre o Plano Nacional de Cultura e o Plano Nacional de Educação, porque eles são muito excludentes".

Ermelinda falou sobre a sua experiência na sua área de expressão a música, fez um breve revisão histórico mencionando a figura do maestro Villa-Lobos (1887 -1959) e de como ele que acreditava que podia educar socialmente através da música.

Para o professor de teatro na Universidade Federal de Ouro Preto Ernesto Valença, a escola deve ser um ambiente atrativo e vivo. “Hoje percebo uma ideia generalizada de alunos, professores e funcionários que enxergam a escola como um lugar de aprisionamento”, afirmou. Ele concordou com a professora de dança que as matérias escolares precisam dialogarem e não serem fragmentadas como são hoje.

Outro problema apresentado pelos três debatedores foi a prática do professor generalista, que dá aulas de todas a linguagens, independentemente de sua formação específica. Além disso, foi lembrada a importância da educação continuada do docente, em um mundo que não para de se transformar.

Cerca de 12 mil estudantes estão participando desta edição da Bienal na Lapa, no Rio de Janeiro, de 1º a 6 de fevereiro. Confira mais da programação.

Com informações da Agência Brasil e Portal UNE