Merval Pereira prevê o fim da era PT. Boa notícia.

Um dos principais colunistas amestrados de O Globo, Merval Pereira, ainda está radiante com a vitória de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. 

Merval Pereira

Nesta terça-feira (3) em sua coluna intitulada “O começo do fim”, Merval garante: “Mais uma etapa da desconstrução da hegemonia petista foi cumprida na noite de domingo com o alijamento do partido das principais funções da Câmara”. No meio de tantos problemas reais o vaticínio de Merval é um alento pois ele é conhecido por suas previsões furadas.

Merval sabe tudo!

Em 2005 Merval garantiu que Lula “não resistiria” à crise do mensalão (Lula foi reeleito com uma diferença de 20,7 milhões de votos para Alckmin e terminou o 2º mandato com aprovação pessoal de 87%). Depois vaticinou que Serra atropelaria o “poste” nas eleições de 2010 (o poste em questão, Dilma, venceu Serra por uma diferença de 12 milhões de votos). Em 2012, comentando as eleições municipais, afirmou que a maior derrota do PT seria em São Paulo, pois o candidato Fernando Haddad seria apenas “mais uma invenção do ex-presidente (Lula)” e, para Merval, Haddad não mostrava “ser um candidato minimamente competitivo” (Haddad é prefeito de São Paulo).

Merval é coerente!

Nas últimas eleições, o colunista amestrado errou todas as suas previsões, como lembra o jornalista Altamiro Borges: “Após a morte de Eduardo Campos, ele apostou suas fichas na ‘verde’ Marina Silva. Garantiu que ela seria a próxima presidenta do Brasil. Frustrado, temeu pela vitória de Dilma já no primeiro turno. Desesperado, pregou o ‘voto útil’ em Aécio Neves. Na reta final das eleições, o ‘imortal’ se mostrava radiante com a possibilidade da vitória do tucano”. Merval, reconheçamos, é coerente: entrou para a Academia Brasileira de Letras (ABL) sem ser escritor e é comentarista político sem entender nada do assunto.

Jabor: a hipocrisia verborrágica

O colunista Arnaldo Jabor é um pouco como a revista Veja, até entre seus pares da mídia hegemônica é desacreditado nos bastidores de forma quase unânime. Cineasta decadente, sustenta sua frágil notoriedade através de uma verborragia anticomunista rasteira e cansativa, pois quem lê uma coluna sua lê todas. Uma das características marcantes do colunista Jabor é a hipocrisia. Repetindo o que dizem seus patrões, afiança, por exemplo, que foi o “lulopetismo” que criou o “presidencialismo de coalizão fisiológica” (baboseira também repetida nesta terça-feira, 3, pelo editorial do jornal O Estado de S. Paulo). Tal “formulação” apaga mais de 400 anos de história das classes dominantes brasileiras. Durante o governo FHC, por exemplo, a “coalizão presidencial” era sustentada por PSDB, PMDB, PFL e PPB, e a própria mídia hegemônica afirmava, na época, que “não é possível falar em governo FHC sem falar nessa aliança. Tudo o que o Planalto decide é antes submetido aos caciques aliados” (portal Terra).

Jabor: a hipocrisia verborrágica II

Alguns dos “caciques“ políticos da aliança que sustentava a “verdadeira esquerda” (como Jabor chama o PSDB), eram Marcos Maciel, Antônio Carlos Magalhães, Virgílio Guimarães e outros da mesma lavra. Aliás, quando morreu o filho de ACM, o deputado federal Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) em 1998, o Jabor escreveu famosa coluna onde dizia que era muito ruim o Brasil perder em curto espaço de tempo “dois grandes estadistas” referindo-se também à morte de Sérgio Motta, principal articulador político de FHC e que comandou a mais vergonhosa “operação” executada no parlamento brasileiro: a aprovação da emenda que permitiu a reeleição de FHC, manobra que até as pedras da calçada do Palácio do Planalto sabem como foi feita. Mas este mesmo Jabor, fã de ACM, é o que fala hoje indignado em “grande chácara de oligarquias”. Só não desejamos que o Jabor deixe os comentários políticos e volte a filmar porque assistimos ao seu último filme (A suprema felicidade). Pensando bem, é melhor mesmo ele continuar escrevendo.

A Opus dei melhorou!

Hoje a coluna Notas Vermelhas está repleta de boas notícias. Além da previsão do Merval, temos o prazer de informar que Ives Gandra um dos mais eminentes membros da organização ultraconservadora católica Opus Dei, publica nesta terça-feira (3) na Folha de S. Paulo artigo onde defende o impeachment da recém reeleita presidenta Dilma por “destruição” da Petrobras. Sem contar o fato de que a Petrobras não está destruída, é a maior empresa do Brasil e uma das maiores do mundo, chama atenção o fato alvissareiro de um membro de uma associação medievalista e que exalta a “santa” inquisição pedir o impeachment de uma adversária política. Não deixa de ser um avanço. Fossem outros tempos Gandra pediria a fogueira.

Desfaçatez

O sr. Shigeaki Ueki assina nesta terça-feira (3) em O Estado de S. Paulo, uma coluna intitulada “Energia – debate necessário”, onde afirma que “o cenário atual é similar ao da década de 80, exceto os escândalos”. Ueki foi diretor da Petrobras no governo Médici, presidente da estatal no Governo Figueiredo e Ministro de Minas e Energia no governo Geisel. Os escândalos da época em que o articulista do Estadão foi governo eram a prisão, tortura e morte de quem se arriscava a criticar o regime ao qual Shigeaki servia tão fielmente. As roubalheiras, que aconteciam aos borbotões, não eram denunciadas pois quem o fizesse enfrentaria prisão, tortura e morte. Mas isso, para Ueki, não era motivo de escândalo.

Rasgando o Clarin

O jornal argentino Clarín é típico representante do que existe de mais reacionário e conservador. Em sua cruzada ensandecida contra a presidenta Cristina Kirchner faz da mentira um recurso cotidiano. A última patranha foi noticiar que o falecido promotor Alberto Nisman teria pedido a prisão de Cristina Kirchner em um documento cujos trechos que revelavam o pedido de prisão foram cobertos com tinta. O fato foi desmentido pelo juiz que acompanhava o processo, Ariel Lijo e pela promotora Viviana Fein. O juiz Ariel explicou que cobriu parte do documento com tinta para não se tornarem públicos fatos que ainda estão em segredo de justiça por conta do andamento do processo, fatos estes que nada tinham a ver com a presidenta. O chefe de gabinete de Cristina Kirchner, Jorge Capitanich, rasgou o Clarín em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 2, e afirmou: “todo o tempo é mentira e lixo. É importante que o povo argentino saiba que estão mentindo”. Comentário do Notas Vermelhas: isso sim, é travar luta política.

Mídia quer o fim dos campeonatos estaduais

O jornalista Juca Kfouri chama o campeonato paulista de “paulistinha”. Outro jornalista, Renato Maurício Prado, chama o campeonato estadual do Rio de Janeiro de “me engana que eu gosto”. A depreciação dos campeonatos estaduais tem a lógica de buscar favorecer os grupos empresariais de comunicação. Atacam os campeonatos estaduais dos grandes centros como tática diversionista. O objetivo é outro. Defendem os próceres da mídia esportiva um “campeonatão” brasileiro só com os “grandes” e durando quase todo o ano. O objetivo é diminuir o custo financeiro que representa para a mídia hegemônica acompanhar campeonatos estaduais em 26 estados e mais o distrito federal durante parte do ano. Pouco importa para esta turma o fato de que somos uma nação continental com 8,5 milhões de Km² e 200 milhões de habitantes. Tudo deve ser pasteurizado e de preferência com os torcedores assistindo apenas times de São Paulo, Rio e Minas. Quando mais parecido com o campeonato espanhol (Espanha: 500 mil Km²) melhor. Que a história de grandes times estaduais como Paysandu, Remo, Ceará, Joinville, Fortaleza, América-RN, ABC – enfim todos os clubes que movimentam a paixão de milhões de brasileiros mas que não fazem parte do mercado principal – seja para sempre esquecida. Que pereçam eles e suas tradições, sacrificadas no altar do lucro máximo. Pelo menos é o que os ancilares da mídia hegemônica mais desejam.
 
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