"Um interlocutor do PCdoB onde quer que eu esteja"

Após ter assumido a cadeira de deputado federal por um ano e ter realizado um mandato intenso, principalmente em defesa dos diretos dos estudantes, Gustavo Petta conta um pouco de sua experiência e quais são suas novas perspectivas de volta a Câmara Municipal de Campinas.

Petta cobra votação da íntegra do Marco Civil da Internet - Agência Câmara

Como avalia seu mandato como deputado federal?

A avaliação que faço do mandato é muito positiva, apesar de ter ocupado o cargo por um período de tempo relativamente curto – apenas um ano. Como deputado, integrei as comissões de Educação e Esporte e tive a honra de participar de discussões e votações importantes, como as que aprovaram o Marco Civil da Internet e o Plano Nacional da Educação. Além disso, protocolei um projeto de lei que estende o programa Bolsa Permanência para todos os estudantes do Prouni e uma PEC que cria o Fundo de Permanência Estudantil na Educação Superior (Funpes). São projetos que visam combater a evasão universitária no país; ainda não passaram pela votação em plenário, mas foram bem recebidos pela sociedade civil, sobretudo pelos estudantes. Destinei ainda emendas parlamentares para várias cidades do estado, incluindo São Paulo. Para Campinas, minha cidade, destinei, dentre outras, emenda voltada para a construção de uma sala de cinema pública dentro do Museu da Imagem e do Som (MIS). De tudo o que fiz, porém, penso que o mais importante foi ter defendido sem vacilar, ao lado dos meus companheiros do PCdoB, os interesses dos trabalhadores.

O que pode acrescentar como experiência para o mandato de vereador após ter sido deputado?

Muita coisa. Embora o ambiente político nunca tenha sido novidade para mim, a experiência vivida como deputado me trouxe mais conhecimento sobre o funcionamento do jogo democrático dentro de uma casa de leis e também mais confiança para enfrentar desafios maiores. Sinto que volto para a Câmara Municipal de Campinas muito mais experiente e com mais influência política devido aos contatos que fiz em Brasília. Passei a ter convicção da necessidade de fazermos uma ampla reforma política em nosso país, para que as eleições sejam mais democráticas e o dinheiro não tenha tanta força nas campanhas partidárias.

De volta a Câmara Municipal, quais são suas perspectivas para os próximos anos?

Tudo indica que os próximos anos serão bem difíceis. No plano econômico, o país poderá enfrentar recessão. No plano político temos visto o avanço de forças reacionárias e antidemocráticas nos parlamentos. A crise hídrica em São Paulo, que começa a afetar também Rio de Janeiro e Minas Gerais, causa grande preocupação por seu impacto humano, ambiental e econômico. Neste cenário, devemos estar preparados para uma luta sem trégua para que a crise não afete o desenvolvimento das políticas sociais que têm sido implantadas no Brasil desde a eleição do presidente Lula. O trabalhador não pode pagar pela crise. No caso específico de Campinas, teremos a discussão do Plano Diretor pela frente e esta será uma grande oportunidade para definir a cidade que queremos deixar para as próximas gerações. Meu mandato será um instrumento de luta social na minha cidade, mas também aberto e voltado para a discussão dos grandes temas nacionais.

Qual tem sido a principal característica de sua atuação politica? 

Seria melhor que o eleitor ou o cidadão que acompanha minha atuação política respondesse a esta pergunta, pois eles podem ter outra percepção, diferente da minha. Mas, no meu modo de ver, acho que meu trabalho tem sido marcado pela defesa intransigente dos interesses do Brasil e do povo brasileiro. A soberania nacional, os direitos humanos e a democracia são bandeiras que levanto desde a adolescência, no movimento estudantil. Outra marca do meu trabalho político é também a luta pela superação dos problemas sociais a partir da educação. Sou filho de professores e isso, de certa forma, me fez solidário às causas da categoria. Porém, muito mais importante do que definir a minha atuação é saber que sou, antes de tudo, um interlocutor do PCdoB onde quer que eu esteja. Sou filiado desde os 16 anos de idade e considero o PCdoB o melhor instrumento partidário que construímos para transformar a realidade brasileira.