Vaga de Zó na Câmara de Juazeiro será ocupada por uma mulher

Das 21 vagas na Câmara de Vereadores de Juazeiro, no norte baiano, apenas duas foram ocupadas por mulheres, na cerimônia de posse, que aconteceu em 2013. Esse pequeno número de representação feminina deve aumentar, agora, em 2015, com a saída do vereador Crisóstomo Lima, o Zó, do PCdoB, que foi eleito em outubro deputado estadual.

Nas eleições de 2012, o PCdoB conseguiu duas cadeiras na Câmara: uma para Zó e outra para Eduardo Lopes. Eduardo foi chamado para compor o secretariado do prefeito Isaac Carvalho, do mesmo partido, e Agnaldo Meira, o então 1º suplente, assumiu. Com a saída de Zó, Agnaldo se efetiva na vaga e a 2ª suplente, Poliane Amorim, é alçada.

Poliane Amorim é técnica agrícola e, a partir da atividade, desenvolveu um trabalho de intermediação entre as comunidades e o governo municipal. Por conta disso, foi convidada a ajudar a construir o projeto de Isaac Carvalho para Juazeiro e do lado dele não mais saiu. Mesmo sendo situação, na Câmara ela terá um grande desafio: trabalhar ao máximo para aproveitar melhor o pouco tempo que possui.
Confira a entrevista com Poliane Amorim, que no próximo dia 27 se torna vereadora do PCdoB em Juazeiro.


Como recebeu a notícia de que assumiria o mandato?

No início, quando fui candidata, eu não quis ser apenas uma candidata a preencher a cota para mulheres. Meti a cara, encarei as dificuldades em sair candidata, pela maioria dos candidatos ser de homens, e fui a 3ª mulher maior bem votada em Juazeiro. Quando colocaram o nome de Zó para ser candidato [a deputado estadual], tive a convicção que ele teria êxito e que eu conquistaria o meu espaço na Câmara. Então, eu já estava, de certa forma, esperando. Por ser mulher, jovem, periférica (mora em Argeniro, um bairro pobre do município) e negra, agora tenho um desafio. Mesmo sem mandato, eu já fazia um trabalho junto às comunidades. Agora, tenho que fazer de 1 e 6 meses de mandato um trabalho de mais de 4 anos.

Quais as frentes pretende atuar?

Não só a luta dos jovens, mas também a luta das mulheres. Então, pretendo levantar a bandeira dos jovens, mas principalmente das mulheres jovens. Quero atuar contra a violência, contra o preconceito. Também quero ser representante do bairro em que moro, que nunca teve oportunidades. Quero fazer o trabalho de uma ponte entre a população. Quero ser um porta-voz, quero ouvir para saber o que é preciso melhorar, quais os projetos merecem ser apresentados. Já comecei a mandar convites para todos os segmentos. Além, dos jovens, já mandei para os diversos segmentos religiosos.

Como pretende atuar junto com as outras duas vereadoras que compõem a bancada feminina?
As duas vereadoras que existem são oposição ao governo. Então, terei que ter cautela, mas vou procurar trazê-las para as nossas lutas. Ser oposição não deverá impedir que a gente forme um grupo pelas causas comuns.

Quais as experiências que teve até agora e de que forma elas podem contribuir para o seu mandato?
Eu sou técnica agrícola, formada na Escola Agrotécnica de Juazeiro, em 2003. Trabalhei de 2004 até 2008 na área. Em 2008, Isaac Carvalho me convidou para a construção de um projeto para Juazeiro e estou com ele até hoje. Fiz um trabalho de assessoria com a comunidade, com as associações, junto com a prefeitura. No tempo em que eu trabalhava como técnica agrícola, entrei em contato direto com a população. Lidei com muita gente sem formação acadêmica, mas com conhecimento de vida. Consegui traduzir essa linguagem simples e percebi que havia também naqueles trabalhadores uma consciência política. Intermediei a apresentação das demandas junto ao governo local. Essa experiência foi muito enriquecedora e pretendo trazer isso para a minha atuação legislativa.

De Salvador,
Erikson Walla