Dispostas a negociação, centrais se reúnem com governo

A CTB, CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central e CSB vão se reunir nesta segunda-feira (19), em São Paulo, com o secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, e com os ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, da Previdência, Carlos Gabas, e do Trabalho, Manoel Dias.

Presidente de Centrais

Com o compromisso de diálogo, reafirmado pela presidenta Dilma Rousseff em sua posse no dia 1º de janeiro, o governo pretende estabelecer um canal de comunicação com os movimentos sociais. E o movimento sindical, um dos mais organizados do país, vai iniciar esse processo.

O ministro Manoel Dias afirmou que o governo não levará nenhuma proposta para a reunião, pois o objetivo é “saber o que as centrais têm a dizer e contribuir com esse processo”. Segundo Dias, o encontro “consistirá de uma apresentação dos ministros de cada área à respeito das mudanças e seus impactos”. Em seguida, “será aberto espaço para manifestações e sugestões das centrais”.


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Rossetto também afirmou que o governo quer ouvir as centrais. E a expectativa dos trabalhadores é de que o governo ouça as reivindicações, mas também abra um processo de negociação, principalmente no que se refere às mudanças nas regras de concessão de benefícios previdenciários e trabalhistas, que segundo o governo, serão esclarecidas durante a reunião.
“Já estamos muito bem esclarecidos sobre as medidas e a nossa posição é exigir do governo a suspensão imediata”, enfatizou o presidente da CTB, Adílson Araújo, em entrevista ao Portal Vermelho. Ele completa: “As medidas causam prejuízos porque atingem as pessoas com maior vulnerabilidade, principalmente os jovens”.

Uma das medidas dificulta o acesso ao seguro-desemprego com a exigência de 18 meses de trabalho nos 24 meses anteriores à dispensa. As centrais argumentam que o índice de rotatividade da mão de obra do Brasil é muito alto e a maioria dos trabalhadores não terá acesso ao benefício por conta da mudança da regra.

Muito a contribuir

Adílson reafirmou que as centrais estão dispostas ao diálogo. “Não acreditamos que será uma reunião meramente protocolar. Se for isso, será outro banho de água fria. Esperamos que o governo faça a sua parte para evitar que haja um retrocesso e que o trabalhador seja penalizado”, disse ele, destacando que as centrais têm muito a contribuir com o governo. “Precisamos consolidar um projeto que dê condições de desenvolvimento, mas que traga mais benefícios para a classe trabalhadora. Não retrocessos”, pontuou.

O sindicalista citou a operação realizada pela Polícia Federal na semana passada que, com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), desarticulou uma organização criminosa suspeita de desviar mais de R$ 15 milhões dos cofres públicos, a partir da inserção de dados falsos no sistema do seguro-desemprego, por servidores do Sistema Nacional de Emprego (SINE).

Corrigir distorções

“Distorções devem ser corrigidas e o que é fraude precisa ser combatido. E os organismos precisam atuar mais. O governo precisa ter a compreensão do quanto é importante separar o joio do trigo. Não pode querer fazer da exceção a regra. A regra precisa ser um mecanismo que não penalize parcela significativa dos trabalhadores que já foi penalizado durante anos”, salientou o dirigente sindical.

Adílson reafirmou que as centrais perseguirão o caminho do diálogo, mas advertiu: “Faremos esse apelo para que o governo revogue as medidas e persiga o caminho do diálogo no sentido de encontrar uma posição. Agora, se o governo insistir na manutenção das medidas provisórias, que certamente irão para o Congresso Nacional, vamos engrossar o caldo. Não podemos esperar pelo pior, por isso, tivemos a grandeza de consagrar uma agenda de lutas que começa dia 28 de janeiro”.

Da Redação do Portal Vermelho, Dayane Santos