Em "volta ao mundo", Maduro busca apoio para segurar preço do petróleo

Durante sete dias, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, passou por seis países buscando apoio para tentar resolver um dos problemas que atingem de forma mais severa a economia local: o preço do petróleo, em queda há pelo menos seis meses.

Em "volta ao mundo", Maduro busca apoio para segurar preço do petróleo - EFE

Para cumprir os objetivos em sua “volta ao mundo”, Maduro começou na China e terminou na Rússia. Nesse ínterim, passou por outras quatro nações que, não por acaso, fazem parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), assim como a Venezuela: Arábia Saudita, Irã, Catar e Argélia. Em todos os locais em que frequentou, Maduro abordou projetos econômicos e estratégias para recuperar os preços do mercado petrolífero, que atingiu nesta semana mais um recorde de baixa ao bater US$ 45,00 o barril.

Tudo começou na quinta-feira passada (08/01), durante a cúpula entre membros da Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos) e líderes chineses. Em Pequim, Maduro revelou que a viagem foi um convite do próprio presidente da China, Xi Jinping. Lá, o chefe de Estado bolivariano aproveitou a oportunidade para pedir ao gigante asiático um apoio na luta contra a queda de preços da commodity, já que o governo chinês é um dos principais compradores do petróleo venezuelano.

No fim de semana após a passagem por Pequim, Maduro dedicou quatro dias para discutir de forma privativa com quatro nações-membro da Opep a necessidade de construir um consenso entre os sócios para interromper a queda nas cotações e unificar o órgão internacional.

Irã e Arábia Saudita: dois extremos

Para isso, o líder venezuelano se encontrou, no sábado (10/01), com seu homólogo iraniano, Hassan Rohani, em Teerã. Maduro pediu ao governo do Irã a colaboração para recuperar a estabilidade nos preços do produto. Segundo agência oficial iraniana Irna, Rohani opinou que a cooperação no seio da Opep pode consolidar “um preço aceitável” em 2015.

Assim como a Venezuela, o governo iraniano critica a queda do preço de petróleo e as políticas da Arábia Saudita, que está por trás da baixa. Embora seja o quarto país em reservas petroleiras do mundo, o Irã tem capacidade de exploração limitada pelas sanções internacionais que sofre em virtude do programa nuclear local.

No mesmo dia, e para discutir exatamente o mesmo tema, Maduro se encontrou com o príncipe herdeiro do trono da Arábia Saudita, Salman Bin Abdulazis, em Riad. O governo saudita é um dos que mais pressionam pela queda do valor do produto.
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Com US$ 900 bilhões em reservas e forte influência nas reuniões da Opep, a Arábia Saudita optou por não sacrificar a própria quota de mercado para restaurar o preço. A decisão foi tomada já que o país produz cerca de 10 milhões de barris por dia (um terço do total da Opep) e pode tolerar baixos preços, já que o petróleo saudita apresenta o custo mais baixo mundial: de US$ 5 a US$ 6 o barril.

Apesar de tudo, Maduro alega que a tentativa de impulsionar uma estratégia conjunta para estabilizar o mercado petrolífero deu certo com os sauditas: segundo o mandatário, o reinado concordou em reativar a Comissão de Alto Nível da Opep, para que os membros possam se reunir com mais frequência e revisar os atuais preços. Embora a Venezuela seja o país com as maiores reservas de petróleo comprovadas do mundo, a Arábia Saudita é o maior produtor em nível mundial, com 9, 6 milhões de barris diários.

Apoios e mais apoios

Seguindo o roteiro no Oriente Médio, Maduro chegou no domingo (11/01) ao Catar, onde foi recebido pelo ministro do Petróleo, Mohammed Bin Abdulaziz Al Sada, em Doha. Mais uma vez, o líder venezuelano reforçou a necessidade de revitalizar a unidade da Opep e estabilizar a commodity. Nos dias seguintes, Maduro ainda conseguiu “apoio irrestrito” da Argélia no quesito petróleo, depois que se encontrou na terça (13/01) com o homólogo africano Abdelaziz Buteflika.

O desfecho da viagem foi marcado por um encontro com o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, que chamou a Venezuela não só de país amigo, mas também de “um dos sócios mais importantes da Rússia”. Embora Moscou esteja fora da Opep, a queda histórica do petróleo após quase cinco anos de estabilidade atingiu a já frágil economia russa, que se vê sufocada com sanções de potências ocidentais e assiste à desvalorização do rublo.

Nesse cenário, a Rússia anunciou na quinta-feira (15) que vai aumentar o investimento da estatal russa Gazprom em campos de petróleo e equipamentos de extração na Venezuela, como parte dos acordos para estabilizar os preços.

Após essa “volta ao mundo”, Maduro declarou publicamente que conseguiu "todos os recursos" necessários para financiar o desenvolvimento venezuelano.

Fonte: Opera Mundi