Próximo encontro de juventude da FSM será no Peru

No último domingo (30), encerrou-se o 3º Encontro da Juventude da Federação Sindical Mundial (FSM), para a América Latina. Foram três dias de intensos debates sobre a situação da juventude diante a crise do capitalismo que atinge muitos países.

O evento ocorreu na cidade de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e contou com a participação de jovens oriundos de quatro países que puderam trocar experiências sob temas como a conciliação do trabalho e do emprego, a juventude sindical, entre outros.

No fim da atividade foi aprovada a Declaração Final que propôs que o próximo encontro seja realizado no Peru.

Leia abaixo a integra do documento:

Declaração Final 3º Encontro da Juventude da FSM para a América Latina

Durante três dias, 143 jovens trabalhadores sindicalistas de organizações filiadas à Federação Sindical Mundial (FSM) de quatro países da América Latina debateram com maturidade e entusiasmo, inspirados pelos princípios e valores do movimento sindical classista internacional.

Declaramos que este 3º Encontro da Juventude da FSM para a América Latina, se realiza em um período de aprofundamento da crise integral capitalista. Esta se expressou de forma sincronizada nos centros imperialistas, nos Estados Unidos, Europa, Japão e em torno a um grande número de países capitalistas é profunda e duradoura. É uma crise que expressa, ainda mais forte, o agravamento da contradição básica entre o caráter social da produção e o trabalho e a expropriação individual capitalista de seus resultados.

Assim mesmo os monopólios disputam entre si quem vai assegurar a maior parte do mercado mundial.Confirma-se pelo desenvolvimento capitalista que os interesses dos patrões e dos trabalhadores não podem coexistir. Por causa deste desenvolvimento existe e aumenta continuamente o desemprego, trabalho infantil, a propagação e vício em drogas, a supressão dos direitos trabalhistas, a exploração dos recursos naturais nas mãos dos monopólios e a agressividade imperialista, que também, no caso da crise capitalista, pode conduzir para a guerra.

Por isso, neste ataque dos monopólios, o capital e seus instrumentos têm de seu lado os grandes meios de comunicação e levam a cabo uma guerra midiática contra a classe trabalhadora e a juventude ocultando e difamando suas lutas e reivindicações. Contra este ataque é nosso dever indispensável:

1.A inserção dos jovens trabalhadores na ação, organizar e aprofundar sua luta através da mobilização dinâmica dos jovens nas lutas sociais e as lutas dos sindicatos numa linha classista de ruptura com as forças do capital, com os monopólios e as forças dos patrões. Assim mesmo, reconhecer a luta pela dignidade dos jovens camponeses, jovens trabalhadores e jovens trabalhadores rurais em toda a América Latina.

2. O fortalecimento da formação sindical, ideológica e política com os valores da luta de classes para elevar a consciência de classe da juventude trabalhadora. Neste esforço nosso dever é promover e difundir o Pacto de Atenas e os demais documentos da FSM que reflitam as posições do movimento sindical classista internacional.

3. Para a aplicação destes objetivos, a conferência promoverá o plano de ação aprovado pelos delegados participantes que o novo Secretariado da Juventude da FSM terá a responsabilidade de materializar. Entre outras iniciativas, está a promoção e participação no Dia Internacional de Ação convocado pela FSM o 3 de outubro como tarefa principal de todas nossas forças militantes para a participação da juventude trabalhadora nesta data.

4. Concentrar esforços para que a juventude trabalhadora seja parte ativa na construção das atividades no marco da comemoração dos 70 anos da FSM, trabalhando para que este aniversário seja um ato internacional com uma forte marca classista e anti-imperialista. O ato principal será realizado em São Paulo (Brasil) em outubro de 2015. Propomos garantir a participação mínima de 20% dos jovens nesta atividade.

5. Nos declaramos contra as formas de terceirização, contra a informalidade e todas as formas de precarização trabalhista, assim como a diminuição dos salários e da seguridade social que nas lutas dos trabalhadores conquistaram, buscando condições dignas como por exemplo que o transporte público, seja visto como um bem social, refletido num boleto obreiro que seja compatível com a renda. Para garantir o acesso ao transporte público de todas as pessoas sem discriminação e que seja consequente com o poder aquisitivo de cada um dos setores da população em geral.

6. Aumentamos o aprofundamento do debate sobre ampliação da participação feminina nas direções dos movimentos sociais e nas instâncias de decisão dos governos. Reafirmando a luta da igualdade de gênero e da emancipação da mulher como ator principal da sociedade e das lutas que criarão uma mudança profunda em nossos povos. Para isso, propomos promover um encontro dos jovens trabalhadores para debater no marco classista a igualdade de gênero.

Como ideal principal a juventude trabalhadora da FSM não admitirá nenhum ataque aos governos democráticos eleitos na América Latina e Caribe, pois de agora em diante somos uma unidade combatendo os meios de comunicação golpistas e lutando pela democratização destes meios, para que não voltem a acontecer ataques em nossa democracia como tem sido observado na Argentina, Paraguai, Honduras e os mais recentes ataques às eleições da presidenta Dilma Rousseff no Brasil, onde os meios de comunicação tomaram partido do lado das elites imperialistas, por isso nossa voz será escutada realizando todo o tipo de ato que for necessário para lutar pela verdade, da mesma maneira, somo contra os ataques à Revolução Bolivariana e ao povo venezuelano, onde as ofensivas da direita internacional tentam frear o avanço do povo.

Por isso, elogiamos a lei orgânica do trabalho que tantos benefícios aportam para as classes menos favorecidas na Venezuela. Igualmente, este encontro saúda e celebra os triunfos dos governos progressistas do Equador, Bolívia, Brasil e Uruguai.

Assim sucessivamente nosso trabalho cria toda a riqueza a partir das nossas mãos, das fábricas e dos campos, nas ruas e comércios, nas escolas, laboratórios, centros de investigação e transportes da América Latina, por isso, continuaremos na construção do socialismo na América Latina, integrando nossas lutas na Federação sindical Mundial e também contribuindo com nossas ideias e experiências para tornar possível a unidade da juventude, dos trabalhadores e da sociedade, lutando por um futuro justo e sem capitalismo.

Da mesma maneira, deste espaço, o movimento sindical classista se solidariza com a luta dos estudantes mexicanos e repudia a desaparição dos 43 estudantes, exigindo a aparição, o julgamento e a prisão dos autores materiais e intelectuais (políticos de extrema direito, forças repressivas do Estado e carteis de droga).

Também a juventude latino-americana saúda os diálogos de Havana entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo daquele país, jpa que culminarão este processo com um acordo que finalize os mais de 50 anos de guerra e que beneficie as partes teria muitas repercussões nos países vizinhos e em toda a região, o qual deslumbra a possibilidade de uma transição para o socialismo na Colômbia e na América Latina.

A FSM e sua juventude trabalhadora respaldam a resistência da Revolução Cubana nestes mais de 50 anos do cruel bloqueio norte-americano, condenamos o genocídio cometido por parte do Estado de Israel contra o heroico povo palestino em sua luta pela libertação, assim como as constantes manobras desestabilizadoras contra o irmão povo venezuelano e seu governo democrático. Exigimos a liberdade dos presos políticos da América Latina como os do Paraguai, Costa Rica, Honduras, Panamá e Colômbia e o fim da perseguição dos lideres sindicais e sociais dos nossos povos.

Continuaremos fortalecendo a FSM, continuaremos a luta anti-imperialista sem compromisso contra o capital e seu poder em cada lugar de trabalho pelos jovens trabalhadores. Até a vitória de nossa classe, em todos os países pela construção do socialismo, porque é o futuro da juventude.

Para finalizar, agradecemos os companheiros da CTB por sua hospitalidade, por sua solidariedade com os jovens trabalhadores da América Latina e propomos que o Peru seja a sede do 4º Encontro da Juventude Trabalhadora da América Latina.

Documento realizado pelos delegados e delegadas do 3º Encontro da Juventude da FSM para a América Latina. Novo Hamburgo (Rio Grande do Sul), 30 de novembro de 2014.

Fonte: Portal CTB