Provocador, Aécio diz ser o líder do “exército da oposição”

Em seu retorno ao Senado nesta terça-feira (4), o candidato derrotado nas eleições presidenciais, Aécio Neves, chegou acompanhado por jornalistas, filiados ao PSDB, assessores e funcionários da casa. Ele afirmou que não pretende dialogar com o governo da presidenta Dilma Rousseff e sinalizou ser o líder do “exército da oposição”.

Aécio volta hoje ao Congresso após derrota na eleição presidencial
Cristiane Mattos/26.10.2014/Futura Press/Estadão Conteúdo

Após um foguetório contratado, Aécio falou com a imprensa e reafirmou como será sua atuação no Congresso. "Vou ser oposição sem adjetivos. Se quiserem dialogar, apresentem propostas que interessem aos brasileiros", disse o tucano aos jornalistas na entrada do Congresso cercado por um grupo que ora gritava “Aécio presidente” ora “Fora PT”.

A postura beligerante de Aécio é condizente com os episódios ocorridos nos últimos dias, desde a proclamação da vitória da presidenta Dilma Rousseff, em 26 de outubro. As forças conservadoras e neoliberais estão dispostas ao tudo ou nada na oposição à presidenta reeleita.

Não serão as proclamações de Aécio e seus aliados do PSDB e demais partidos direitistas que assustarão as forças progressistas. Nesta segunda-feira (3), o Partido dos Trabalhadores reuniu sua Executiva Nacional, que propôs a mobilização nacional pela realização do programa vitorioso nas urnas. Por seu turno, o governador do Ceará, Cid Gomes, que elegeu seu sucessor, em audiência Dilma Rousseff no Palácio do Planalto nesta terça-feira, propôs a formação de uma frente de partidos de esquerda e centro-esquerda para reforçar a base de sustentação do segundo governo da presidenta. Já o PCdoB está preparando a reunião do seu Comitê Central, que se realizará dias 14, 15 e 16 em São Paulo, onde os comunistas reforçarão a luta pelas reformas estruturais democráticas.

Atuação fraca

Na campanha eleitoral foi posta em cheque a atuação “omissa” do senador que, eleito em 2010 por Minas Gerais para um mandato de oito anos, não teve aprovado nenhum projeto de sua autoria. De acordo com o portal do Senado, o tucano apresentou 16 projetos de lei e duas Propostas de Emenda à Constituição (PEC), mas nenhuma matéria foi aprovada até outubro deste ano.

Requerimento de informações sobre as atividades legislativas foi a principal atuação de Aécio, segundo o órgão que fiscaliza o desempenho de deputados e senadores, Diap. Desde 2011, foram 136 pedidos de dados e materiais a ministérios como os da Saúde, Minas e Energia e Fazenda. Assim, percebe-se que Aécio utilizou o pedido de informações para fundamentar a candidatura à Presidência da República.

Segundo levantamento do site Congresso em Foco, nos anos de 2011, 2012 e 2013, Aécio faltou ao trabalho no Senado durante 61 dias. Outra falha do parlamentar levantada nas eleições foi que apesar de ser representante de Minas no Senado, as viagens do tucano – bancadas com a verba de transporte aéreo do Senado – 67% delas tiveram como destino a capital fluminense. Como comprova o Portal da Transparência do Senado, “das 116 viagens oficiais realizadas pelo senador entre 2011 e 2013, 69 tiveram origem ou destino o Rio de Janeiro. A capital mineira, Belo Horizonte, foi destino do tucano 27 vezes em três anos”.

Da Redação do Portal Vermelho