Viúvas da ditadura saem do armário para pedir “intervenção militar”

Com cartazes com mensagens como “Intervenção militar, já”, “PT é o câncer do Brasil” e “Fraude nas urnas”, aconteceu em São Paulo no sábado (1º) um ato na avenida Paulista promovido por um grupo de inconformados com o resultado do segundo turno das eleições que pediam o “impeachment” da presidenta Dilma Rousseff.

Ato em São Paulo pede intervenção militar - Fernando Zamora

“Boa tarde, reaças”, disse ao microfone o empresário Paulo Martins, que foi candidato a deputado federal pelo PSC do Paraná. “Se você acha que democracia é isso que temos aqui, então sou a favor da volta do militarismo”, disse o investigador de polícia Sergio Salgi, que participou do ato com uma faixa com os dizeres: SOS Forças Armadas. Gritos como "Viva a PM" e de agradecimentos aos militares pelo golpe de 1964 foram entoados pelos manifestantes que pediam a “intervenção militar, já”.

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O evento também contou com o deputado federal eleito Eduardo Bolsonaro (PSC), filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). No seu discurso, Bolsonaro mostrou que a mudança que pregavam nas eleições era de fato o retrocesso. “Ele teria fuzilado Dilma Rousseff se fosse candidato”, disse Bolsonaro, se referindo ao seu pai, caso fosse eleito presidente.

O "cantor" Lobão liderou o ato e pediu auditoria das urnas

E não ficou por ai. O filho de Bolsonaro disse ainda que votaria em Marcola – apelido de Marcos Willians Camacho, líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) -, mas não em Dilma. “Dizia na campanha: voto no Marcola, mas não em Dilma. Pelo menos ele tem palavra”, enfatizou.

A marcha tinha como objetivo seguir até o Parque Ibirapuera e enquanto caminhavam, moradores da região balançaram bandeiras da candidata Dilma nas janelas. “Vai pra Cuba”, reagiram alguns mostrando a bandeira do candidato tucano Aécio Neves (PSDB).

Diante de tamanha demonstração reacionária que engrossa o coro de que os tucanos ganham o rótulo de “antidemocráticos”, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) tentou, sem sucesso, descolar o partido do grupo dizendo que “infiltrados” do governo federal estavam no ato e foram estes que levantaram o coro por uma intervenção militar.

“O que vimos na rua foi esse sentimento de inconformismo, por isso o pedido de impeachment. Mas essa coisa militar foi plantada. Fica para mim a suspeição de que foi algo encomendado. Algo como aconteceu nas manifestações de junho do ano passado, com infiltrações que descaracterizaram o movimento”, disse Dias admitindo que os tucanos estão inconformados com a derrota democrática das urnas.

Com informações de agências