Debate: Dilma foi melhor e Aécio fugiu como quem corre do bafômetro

O primeiro debate entre os presidenciáveis no segundo turno aconteceu nesta terça-feira (14) com transmissão pela TV Bandeirantes. Como o Portal Vermelho já apontou, a candidata Dilma Rousseff mostrou firmeza e se sobressaiu no primeiro embate direto com o seu adversário tucano Aécio Neves (PSDB).

Dilma debate band - Ichiro Guerra

A avaliação de que Dilma foi melhor foi compartilhada por outros analistas políticos e colunistas, inclusive notórios críticos do governo progressista do PT e aliados. Um deles é Ricardo Noblat, colunista de O Globo, que disse que a presidenta saiu vitoriosa do debate, pois conseguiu usar contra Aécio acusações de forte apelo popular. “A recíproca não foi verdadeira”, afirmou ele referindo-se a Aécio.

“Chamar Dilma de leviana ou de mentirosa não acrescenta votos a Aécio. Pode até soar como uma indelicadeza aos ouvidos mais sensíveis. Dizer que Aécio empregou parentes quando governou Minas Gerais é uma coisa que todo mundo entende e pode guardar na memória. Dizer que ele responde a processo por improbidade administrativa, também. Enumerar os escândalos do governo de Fernando Henrique que ficaram impunes, idem”, analisou Noblat.

Queixo de vidro tucano

O colunista da Folha de S. Paulo, Josias de Souza, tentou desqualificar ao dizer que foi “mesmo uma briga de pátio de escola”. Apesar afirmar que “não houve nocaute verbal” ele admite que Dilma conseguiu se esquivar dos ataques de Aécio que, por sua vez, deu resposta “nada impactante”.

“A presidente foi aos estúdios da Band, palco da refrega, decidida a demonstrar que, a seu juízo, Aécio frequenta o debate sobre ética na condição de afogado, não de nadador”, analisou Souza, referindo-se aos apontamentos feitos pela presidenta em relação ao aécioporto de Cláudio. “Dilma acionou os punhos contra o queixo de vidro do adversário”, completou.

Marcelo de Morais, do jornal O Estado de S. Paulo, avaliou que o debate foi do “mais pesado de toda a campanha presidencial até agora”. Ele acredita que para eleitores convertidos, o confronto pesado pode agradar. “Para os indefinidos, pode ter gerado mais dúvidas do que antes”, disse.

Já Cristina Padiglione, também do Estadão, analisou o formato do debate e o comportamento dos candidatos diante das câmeras. “A divisão de tela com imagem em close de cada um foi autorizada só durante as perguntas, o que denunciava as expressões de um, enquanto outro indagava”, enfatizou Padiglione.

Segundo ela, o tucano abusou do riso irônico ao tentar mostrar tranquilidade diante dos ataques. “É um recurso que faz a torcida vibrar, mas dificilmente cativa novos eleitores”, frisou.

Apagou o sorriso de Aécio

Para Eduardo Guimarães, do Brasil 247, Dilma apagou o sorriso irônico de Aécio. “Foi no terceiro bloco, quando Aécio tocou no tema corrupção, que a adversária arrancou o sorriso de seu rosto ao citar escândalos que o envolvem”, pontuou Guimarães, citando o caso do aécioporto, trensalão tucano e das rádios da família Neves que receberam dinheiro de seu governo.

Ele completa: “Aécio se descontrolou. Naquele momento, alguns expectadores podem ter ficado com a impressão de que ele agrediria a adversária fisicamente. Não aconteceu, mas a reação do tucano foi absolutamente desastrosa: insultou a mulher que tinha diante de si”.

Guimarães ressalta que a partir dali, o sorriso de Aécio desapareceu. “Dilma cresceu muito, do último debate para este. Esteve segura, gaguejou muito pouco, de forma quase imperceptível. Mas o mais importante foi a entonação da voz e a linguagem corporal. Mostrou segurança e, em alguns momentos, até indignação”, enfatizou.

Ele finaliza: “Dilma venceu? A meu ver, sim. Mas, claro, ninguém pode dizer que o consenso majoritário não vá ser o de que o embate ficou empatado. Mas é literalmente impossível dizer que ela perdeu. E, diante das lendas que criaram, empate equivale a vitória”.

Para o comentarista Kennedy Alencar, da rádio CBN/Globo, a presidenta Dilma “mostrou que ainda está no jogo” e “deixou Aécio na defensiva em alguns momentos” do debate. “Dilma conseguiu se sair um pouco melhor que Aécio Neves. De certa forma, ela conseguiu ditar a agenda do debate, da pauta do confronto”, destacou.

Perdeu, playboy

O jornalista Breno Altman, colunista do Brasil 247 e editor do Opera Mundi, postou em sua página no Facebook: “Perdeu, playboy”. Para Altman, Dilma encurralou Aécio e “rasgou a fantasia de um anão político, maquinado por incessantes mantras, que se viu assustado diante de seu próprio espelho”.

“Dilma ganhou mais que o debate de ideias e informações: foi vitoriosa no enfrentamento de personalidades e caráter”, completou Altman, citando que o melhor momento foi quando a candidata Dilma formulava a pergunta sobre violência contra a mulher e a câmera mostrava o desconforto e apreensão do tucano. “Aécio suava frio, respirando relaxado quando se deu conta que a questão era apenas programática…”, finalizou.

Efeito surpresa: compromisso

A surpresa de diversos colunistas da grande mídia, que tem interesse na eleição do tucano Aécio, se deve ao fato de que acreditavam que o estardalhaço que criaram com os depoimentos vazados da delação premiada dos réus Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e do doleiro Alberto Youssef iriam deixar a candidata Dilma na defensiva.

A presidenta mostrou segurança e reafirmou o compromisso na apuração dos fatos e punição dos culpados, mas que isso não será feito sem a devida investigação e respeito à lei. Aécio, por usa vez, bravateou como sempre, mas não conseguiu esconder seu desconforto diante da firmeza da adversária e fugiu das respostas como quem foge de blitz do bafômetro, o que, aliás, ele já foi flagrado fazendo.

“O debate mostrou que Dilma Rousseff está em plena ascensão, revelando-se, como em toda a campanha, serena, firme, segura e confiante. O seu desempenho perante um adversário arrogante, despreparado e cínico mostrou suas qualidades de líder política e gestora capaz”, pontuou o editorial do Vermelho.

Da Redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com informações de agências