Mídia deflagra campanha contra PT para tirar Dilma do páreo nas urnas

Nesta quinta-feira (9) a grande mídia deflagrou uma campanha de ataques diretos contra o PT após a divulgação dos áudios dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, detalhando o esquema de corrupção na estatal. O objetivo escancarado é afetar o resultado do segundo turno da eleição presidencial.

Por Dayane Santos, da Redação do Portal Vermelho

Jornais do dia 10 de outubro de 2014 - Reprodução

Nas semanas que antecederam o primeiro turno, realizado dia 5 de outubro, rumores davam conta de que uma notícia bombástica afetaria o primeiro turno das eleições, o que levou a um sobe e desce das bolsas nesses últimos dias a índices recorde.

A notícia chegou na mesma embalagem que as anteriores, isto é, insinuações, denúncias sem provas ou fatos que possam levar à comprovação das afirmações de dois réus confessos e presos, que resolveram contar uma história para minimizar a pena de seus crimes.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante plenária com a militância também na quinta (9), disse estar de “saco cheio” dessa estratégia eleitoral. “Toda eleição é a mesma história. Eles começam a levantar denúncias e, com denúncias, não precisam provar nada, só insinuar e ganha destaque na imprensa. Acusação de corrupção não pode abaixar cabeça de petista”, pontuou o ex-presidente.

Depoimento vago

Com base num acordo de delação premiada, Costa e Youssef dizem que “grandes empresas” eram contratadas pela Petrobras com sobrepreço de, em média, 3%, e que esses recursos eram repassados a integrantes do PT, PP e PMDB. O doleiro e o ex-diretor também ficariam com parte dos recursos. No áudio, Costa faz acusações vagas como “esse era o comentário que pautava dentro da companhia” ou “tinha uma outra pessoa que operava a área de serviço [da Petrobras] que se eu não me engano era…”.

O que causa estranheza é o fato de que até agora, não apareceu uma prova que dê fundamento a essas declarações, já que na delação os réus precisam apresentar provas das suas acusações. A pergunta é: quem deliberadamente vaza os depoimentos e não as provas? Qual o objetivo?

A grande imprensa, neste caso a Rede Globo, teve acesso ao depoimento, que corre em segredo de Justiça, noticiou como se fosse um fato investigado e comprovado. Isso tudo acontecendo a 15 dias das eleições em que temos dois projetos distintos de governo; um de continuidade dos avanços sociais e econômicos e outro atrelado ao sistema financeiro internacional e de corte de conquistas.

Outras eleições

Como apontou o ex-presidente Lula, essa é uma pratica recorrente e os fatos provam isso. Na eleição de 1989, por exemplo, às vésperas do segundo turno presidencial e com o Lula diminuindo a vantagem para o então candidato Fernando Collor de Mello (PRN) nas pesquisas, a mídia lançou suspeita de envolvimento do PT no sequestro do empresário Abílio Diniz, executivo do grupo Pão de Açúcar. As fontes seriam policiais que participavam das investigações, mas após a eleição com a vitória de Collor, as acusações foram desmascaradas.

Dilma também foi alvo dessa estratégia nas eleições de 2010, quando foram lançadas acusações de tráfico de influência contra a candidata, após deixar a Casa Civil, em março daquele ano, e sua sucessora Erenice Guerra. Posteriormente as acusações foram arquivadas porque todas eram inverídicas.

Factoide

Agora, a espetacularização desses áudios revela novamente que o interesse da grande mídia, como nos casos anteriores, não é trazer luz aos fatos, mas criar um factoide. O que vai restar de verdade das atuais acusações apresentadas desta vez, não podemos prever. Mas é preciso se perguntar por que essa mesma sagacidade e voracidade ou indústria de vazamentos de áudios, não se manifestam na imprensa quando tratam de casos como a votação da reeleição no governo FHC ou no mais recente trensalão tucano nos governos Covas, Alckmin e Serra? Ou ao pagamento de propina em Minas Gerais? A resposta é simples: porque seus interesses estão atrelados a essas campanhas e a esses candidatados.

Esse jogo eleitoral da mídia vem mascarado de notícia, informação e fato, mas com o objeto cristalino de interromper o avanço das forças progressistas. O jornalista Breno Altman, em artigo publicado no Vermelho, faz uma boa definição do momento atual. “Todos os dias mentiras e manipulações são difundidas por setores da imprensa, pelas redes sociais e pelas organizações de direita, na tentativa de encurralar e intimidar a campanha petista. Não é novidade na história do país”, afirma Altman.

Vale-tudo da mídia

O jornalista foi acusado pela contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, na CPI da Petrobras, de ter recebido dinheiro para pagar as multas de Enivaldo Quadrado na Ação Penal 470. “Notícias falsas, evidências plantadas, gravações forjadas, informações adulteradas: essas são armas tradicionais do alforje conservador”, disse o jornalista.

Ele completa: “Valia tudo para derrotar Getúlio Vargas em 1954 ou derrubar Jango dez anos depois. Vale tudo para interromper o processo iniciado com a posse do presidente Lula em 2003, particularmente na atual contenda eleitoral. Mentiras e meias-verdades são ferramentas na estratégia da direita”.